LIBERDADE
Chego em casa,numa dessas tardes em que o calor está de matar, não encontro ninguém. O que era de se esperar, todos já se foram, os filhotes criaram asas e voaram do ninho. Agora, penso que também deveria ter partido. No início até que "curti" um pouco a paz e a liberdade de morar só. Mas aos poucos o silêncio pesado foi criando nos meus ouvidos uma pressão esmagadora, uma sensação opressiva, quase claustrofóbica. Levanto-me, dou uma sacudida na cabeça, como que para espantar um mau pensamento e, ligo o aparelho de som, a TV, liquidificador, e outros Eletros igualmente barulhentos. Pronto, Agora parece que há vida.
Lá fora, alguns pássaros que estavam pousados em uma laranjeira, voaram assustados com a quebra daquela monotonia a que estão acostumados. Em alguns minutos apenas, volto a desligar os aparelhos. Todo aquele barulho, somado ao calor, findou por deixar-me um tanto irritado.
Talvez, assim como a passarada do jardim, eu também já estivesse acostumado ao silêncio. Afinal, nada disso é vida. Mas, apenas o barulho da vida.
Sirvo-me de uma bebida gelada e, saio para sentar-me a sombra no jardim. Os pássaros acostumados com a minha presença, começam aos poucos irem voltando, um a um.
Aos poucos, o silencio foi se enchendo de uma sinfonia maravilhosa, como só a maestria da natureza pode orquestrar.
Penso então, que toda aquela alegria se deve ao fato de poderem voar livres, dando vazão aos seus instintos naturais, e ignorando as gaiolas da vida. Puxa! que lição de vida nos dá essas coisinhas esvoaçantes...
Acho que também eu, deveria, romper toda forma de prisão; do mau-viver, a prisão-do-mau amar, das idéias pré concebidas, e dos preconceitos.
Sou poeta, me chamo Tácito, que quer dizer entre outras coisas, calado. mas assim como eles, os pássaros, devo cantar, calar é covardia.
O poeta deve mostrar com sua poesia,
sem desvio, sem rasura.
Tanto a luz do dia,
como a noite escura.
Tenho orgulho de ser poeta
disparo minhas palavras,
como o Cupido sua seta.
Temos como alvo o coração
veremos quem acerta.
Se aprende a viver sem sofrer,
É simples, é so querer.
Se quiseres te ensino
uma das formas de buscar.
Procure na simplicidade,a beleza.
No riso de uma criança,
nos rios e nas fontes,
acharás com certeza, é so olhar.
Verdes campos, luz de pirilampos,
Vento das campinas...
A felicidade mora em casa pequenina,
é só transpor a colina.
Felicidade que perdi outrora,
estava na mão e foi embora.
Senti tristeza e melancolia,
vendo a natureza,resolvo esperar mais um dia.
Ops! Aqui estou poetizando novamente, estou tão condicionado a isso que só preciso estar contemplativo, há algum tempo cheguei a pensar que seria patológico essa minha letargia... mas, não posso deixar de acordar pela manhã e constatar que a lua já passou, e que agora cantam os rouxinóis, é manhã, amanheceu...
"A poesia muda a vida em poesia."
T@CITO/XANADU