Esperançanalítica
Carrego comigo a lembrança dos dias melhores que hão de vir, pelo motivo simples de que já os vi em devaneios, já os conheço sem ter despencado do penhasco agudo que se ergue no mundo de meus sonhos, valendo-se de um olhar humanamente naturalizado, nunca fui instruída a buscar a realidade em meu ser. À medida que transfiro a hipotética existência ou a inexistência de algo que ainda não poderia ser chamado assim, cedo-lhe uma essência, o princípio fundamental de sua ideia ao campo imaterial das elucubrações, inóspito àqueles cuja cognição palpa-se no sensível. Em que estrela se esconderia o amanhã se não pudéssemos sonhar com ele? Em que fim de percepção racional a ideia de todas as almas sobreviveria? O que seria do segundo posterior àquele em que iniciei essa frase se o que nos movesse não fosse a ferocidade dos sentimentos humanos?