SUBJUGADO
Venho tentando fingir que tudo está bem há muito tempo.
tentando com bastante afinco manter a calma, sendo paciente e me fazendo paciente, tentando convencer a mim mesmo que, não importa quão ferido esteja o meu coração, é mais do que normal passar por tudo isso. Todo mundo o passa. Todo mundo está sofrendo por alguma coisa e eu sou apenas mais um neste mar de sofrimento. Não sou nada especial. E isso dói! Não importará meu sofrimento? E se importar, para quem mais seria além de mim mesmo? A máscara da positividade é eficaz na maioria das vezes, mas o peso da realidade é tão forte quanto o da gravidade. Eu sei que vai ficar tudo bem no final. Mas eu não sei quão longe está o final e, essa dor, ela está doendo agora, eu queria que ela parasse agora, porque sou eu quem a estou sentindo. Sei de algo que poderia me ajudar: deixar ir. Esquecer. Mas não dá; eu não consigo. O peso dos julgamentos dos outros, e o pior, dos meus próprios julgamentos, são como um crime que cometi e que sempre estará impune, como uma mancha em vestes brancas que, por mais que sejam lavadas, sempre serão visíveis e sempre apontarão quão horrível sou. Quão malvado eu sou e que, apesar de andar com minha cabeça erguida como o bom filho, o bom amigo, o bom ser humano, eu errei um dia e, ao invés de apenas me tornar mais humano, isso me subjuga, me fere, me mata em vida.