ANO PASSADO EU MORRI

“Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. Quando Emicida relançou esse refrão, me identifiquei imediatamente, por tudo que vinha passando no último ano, pelas vezes em que precisei ser forte, me reerguer e sorrir, quando a vontade que tinha era só de cair no chão e chorar, esperando que alguém viesse me levantar e consolar. Mas eu estava numa posição diferente agora, eu era a pessoa que precisava levantar e consolar alguém. Infelizmente, a vida não imitou a arte desta vez, mais uma desdita me fez perder o chão. Em mais um ano, eu morri. Perdi um pedaço que não poderá ser restaurado. E tem sido difícil conviver com essa ausência, repito sempre, pois é uma dor constante, que não vejo o tempo amenizando.

Não bastasse o cenário que o país se encontra, quando eu achava que as coisas começavam a ser realinharem, vem o inesperado e bagunça tudo de novo. Mas a vida é isso, o que podemos fazer? Nosso papel nesta peça é apenas viver, aprender e lembrar que, não somos nós quem está no controle, somos peças em um tabuleiro muito maior que a realidade que vemos, ou queremos ver.

Entender que tudo tem uma razão de ser é o reconforto diante destas incertezas que surgem. Se hoje tá ruim, amanhã estará melhor e talvez depois esteja ruim de novo e assim sempre será. Precisamos estar preparados, acreditando que tudo passa e que é essa inconstância que dá sentido a vida, tornando-a mais bela. Aproveitemos os momentos bons, abracemos e amemos sinceramente as pessoas que verdadeiramente estão do nosso lado, para ter estas memórias como suporte nos momentos de dificuldades, nos lembrando que nunca estaremos sozinhos. Que 2020 seja melhor, mas se não for, nós seremos.

Thiago W Flores
Enviado por Thiago W Flores em 01/01/2020
Reeditado em 10/05/2020
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