Alma de Criança
Para bem se relacionar com Deus é preciso ter um coração de criança. Ao dizer isso não se está fazendo uma apologia ao infantilismo ou uma falta de maturidade nas relações humanas e de fé. A intenção, aqui, é outra. Ter um coração de criança é ser corpo de recepção; é ampliar a capacidade de acolhida do novo, do diferente. A criança tem o dom de se maravilhar e de, constantemente, reconstruir-se e se deixar modelar pela situação que lhe vem ao encontro. A criança não tem medo. Ela se arrisca e confia cegamente no outro. Ela reconhece a sua fragilidade e fraqueza, mas isso não a faz temer as dificuldades que lhes são impostas. Ela é criativa e arteira e sempre bola um meio de alcançar aquilo que deseja. Não é por acaso que Jesus elogiou as crianças. Numa sociedade em que elas não tinham voz e nem vez e, até mesmo, eram desprezadas, Nosso Senhor consegue perceber alguns atributos positivos das crianças. Jesus reconhece a capacidade que elas têm de acolher e receber de modo grandioso o Reino de Deus. Elas não olham o novo e o diferente com desconfiança, mas sim com curiosidade, espanto e admiração. Elas se maravilham e extasiam diante da descoberta da novidade do Reino. A criança não olha a vida como sendo o mais do mesmo. Ela sorri. Ela se assusta. Ela se encanta. Ela se lança com confiança. Esse é o seu diferencial. Infelizmente, Quando ficamos adultos, e não cultivamos a alma de criança, tornamo-nos medrosos e taciturnos.