Os donos do conhecimento universal
Eu já fui a pessoa mais criativa, inteligente e astuta deste mundo. Quando eu era menino.
Quando somos crianças, não importa o que os outros falem, estamos sempre certos. Sabemos que o que sabemos é o que conta e o que não sabemos inventamos, ou simplesmente nos é indiferente, pois somos apenas meninos, não temos a pesada obrigação de saber -ou fingir que sabemos- tudo.
É espantoso como na fase em que mais temos curiosidades sobre tudo, é justamente a fase em que mais nos sentimos donos do conhecimento universal. Nossa imaginação se incube de completar aquilo que ainda não dominamos.
Temos um olhar muito diferente quando crescemos, paramos de ver um grande império quando olhamos uma colônia de formigas, para vermos meros insetos ignoráveis; paramos de imaginar que as árvores sentem, pensam e conversam entre si, para considerá-las meras fazedoras de sombras em dias quentes; paramos de falar com os animais, de ver personagens em nuvens, de tentar mover objetos com a mente, de pesquisar sobre como os pássaros voam, onde as moscas dormem, paramos de fechar a geladeira devagarinho, olhando pela brecha da porta para tentar flagrar a luz se apagando. Enfim, crescemos e pensamos que finalmente entendemos tudo no mundo, logo, paramos de tentar entendê-lo. Acredito que os cientistas são as crianças que nunca cresceram, só no tamanho. Tão iludidos somos (a maioria de) nós adultos, achando que sabemos de tudo. Quisera mantivéssemos a curiosidade sábia que têm os meninos, já estaríamos na era dos carros voadores, não tenho dúvidas.