Os Indesejados
Já li inúmeros artigos científicos que relatavam o quão desumana a sociedade pode ser. Alguns até atestam que pessoas de classe social mais alta tendem a considerar as de classe mais baixa como "inferiores". Num desses textos, em específico, o autor chegou a dizer que pessoas abaixo da linha da miséria mal eram consideradas "humanas" pelos outros. Também existem vídeos de testes de comportamento na internet, onde isso pode ser constatado facilmente. Pessoas engravatadas são acolhidas e possuem tratamento especial em situações em que um ator simula estar passando mal. Nesses casos, o socorro é quase imediato. No entanto, se o indivíduo que estiver passando mal for um morador de rua, a situação muda completamente. Nem mesmo as crianças escapam dessa distinção.
Poderia ainda citar inúmeros exemplos de diferenças na percepção que nós formamos em relação aos nossos semelhantes de acordo com a sua condição socioeconômica, porém é impossível negar que a moral da sociedade têm um viés estético. A história também está aí para reforçar essa percepção. Aqueles que foram considerados "fracos", "falhos", "inferiores" ou "incômodos", foram sistematicamente vitimados, sendo que muitos sofrem as consequências até hoje. A guetização de judeus na II Guerra e a marginalização de comunidades de pessoas negras nas favelas brasileiras são bons exemplos. Esse movimento, o qual surge a partir do medo, nojo, da antipatia e da repulsa das camadas dominantes da sociedade não é um fenômeno puramente natural. A menos, é claro, que consideremos essa tendência humana como mera consequência do nosso entendimento em relação às Leis Naturais.
Não obstante, mesmo se formos por esse lado, faz-se importante destacar que a Natureza não é essa Maravilha, essa coisa "Perfeita" e "pura" conforme alguns ativistas alienados pregam por aí... Será que ninguém nunca viu na televisão o que acontece com o inocente cervo que galopa pelas planícies, quando ele é atacado por uma fera selvagem? No fim das contas, meus caros, nunca deixamos de ser animais dotados com instintos de sobrevivência bem desenvolvidos, os quais nos fazem aproximar de coisas agradáveis e nos afastar daquilo que nos traz risco (Não, não é por acaso que você nunca escolhe as frutas mais deterioradas na barraquinha da feira de domingo. Na realidade, quanto melhor for a aparência do fruto, maiores as chances de você elegê-lo para alimentar você e a sua família). Nesse sentido, a visão sempre cumpriu e cumpre um papel fundamental na sobrevivência de nossa espécie.
Contudo, gostaria de deixar uma provocação diante de todo esse problema: Ok, a estética foi e é importante para a nossa evolução e tal, mas será que nós já não evoluímos o suficiente para superar isso? A civilização continua tão atrasada e primitiva a ponto de continuar classificando e separando as pessoas de acordo com a sua imagem e status? Isso é realmente necessário?