A Paz que eu Não Quero
Enquanto uma parte da sociedade tenta matar cada um dos seus rivais evolutivos da mesma espécie no que poderíamos chamar de Darwinismo Social, há quem diga que ama e deseja a paz... Mas, a verdade é que não poderia existir um pensamento mais hipócrita e mentiroso do que esse.
Aldous Huxley, em Admirável Mundo Novo, aborda o prazer quase sádico do ser humano em buscar voluntariamente o caminho do sofrimento. O mundo não suportaria um período de paz duradoura. Seria insuportável. Segundo ele, nada é mais satisfatório do que as supercompensações que advém da superação desse mal infligido ou autoinfligido. A vida se torna mais emocionante, diversa, intensa, real...
Sabe aquele beliscão que lhe dizem que você deve tomar para acordar de um sonho demasiado vívido? O fato é que um mundo sem dor e tristeza soa artificial demais para os nossos sentidos super desenvolvidos. Precisamos nos convencer o tempo todo de que o mundo é real, que nós existimos. A consciência não sabe lidar muito bem com um nível alto de incertezas. No fim, a angústia provocada pela ausência de desafios para serem superados faz com que sintamos que não existe um sentido mais profundo na existência da vida, ou mesmo qualquer utilidade para ela. Ou seja, ao que tudo indica, a Guerra do Homem contra ele mesmo jamais cessará.
Não sei ao certo se o fim da humanidade se dará por suas próprias mãos e por sua vontade de potência indomadas, ou se a própria natureza se encarregará disso, mas esse é um fluxo natural da evolução que não pode ser contido - e talvez nem deva ser...