Colapso

Há um colapso nesse instante duradouro. Há brigas

constantes entre os milhões de seres que se extinguem

a cada segundo. As respostas são ínfimas perante tais

questionamentos. E a luta comigo parece não ter fim.

Não sei onde estou. Tudo parece tão estranho. Consigo

vislumbrar mundos tão diversos e não faço moradia em

nenhum. As convicções começam querer abandonar a

embarcação. E eu imploro aos seus pés para que

fiquem mais um pouco. As minhas lágrimas já se

tornaram insignificantes. Corriqueiras. Indiferentes.

Eu consigo ainda enxergar a sombra imponente do

objetivo. Vejo seu sorriso e olhar tão doce e acolhedor.

Mas me parece algo intangível. Será que um dia sentarei

ao seu lado, e juntos, colheremos os mais belos frutos?

Busco isso a todo instante, mas me parece que as armas

são insuficientes. As cercas estão crescendo a todo

instante. Eu mesmo faço o serviço já no modo automático,

e sigo nessa linha tênue entre o fracasso e o tédio.

Os vultos nas paredes já não me assustam mais como há

20 anos. Tornaram-se colegas nas frias madrugadas.

Posso até dialogar por minutos ou até mesmo por horas,

com eles. Ainda não consegui decifrar os códigos desse

enigma. Não sei o que pôde ter acontecido ou o que

ainda está acontecendo comigo. A minha força está se

findando e o futuro não me parece nada agradável.

Eu grito, às vezes, alto para aliviar essa dor, esse

desconforto em minha alma. Eu uso a racionalidade a

todo segundo, mas ainda falta algo pra preencher o

vazio absurdo que sinto. Nem esse suposto conforto

religioso o Universo me permitiu. Talvez se fosse menos

pensante, estaria nesse mar de faz de contas...