A singularidade

Dói existir de maneira singular, pois ser singular é ser um só. E como um só, estamos separados uns dos outros.

Porém, é diante da experiência de ser o que somos que podemos ser traduzidos em conjunto como o todo.

Ainda assim, o que você sente, aquilo que vê, o que pensa e se é que pensa, nunca poderá ser traduzido diretamente ao outro. E ainda que possamos dividir breves instantes para trocar aquilo que temos, não será o suficiente para se transpor a barreira do singular.

Ser singular portanto, é ser indefinido e não se pode definir por categorização aquilo que apenas é por si mesmo.

Não se descreve o que não se pode nomear. Não se observa o que não se pode enxergar. Os sentimentos dentro de cada um são assim.

Mas, no somatório daquilo que é individual é que temos o todo. E no todo, tudo está contido em tudo. Tudo é um e se mistura envolto pelo nada e também entremeado pelo nada, aquele absurdo sempre presente.

O nada é capaz de descrever o todo e dentro deste cria espaços. A cada intervalo, nós estaremos.

Apesar de não sermos capazes de transpor os intervalos para nos fusionarmos de vez, ainda somos capazes de vislumbrar o outro lado e imaginar como é perder a singularidade. E neste vislumbre firmamos as conexões que conectam tudo. É sempre a tentativa de ter aquilo que não somos, e de preencher os espaços que nos cercam.