Feliz Novas Atitudes

É inútil desejar feliz ano novo, se as nossas atitudes permanecem velhas e ultrapassadas. Não é a mudança do tempo, marcada por uma fração de segundo, determinada pelo ponteiro do relógio, que modifica a nossa vida e história. É a facticidade que nos molda e transforma. Não somos seres limitados pelas fatalidades da existência. Somos criados, mas não finalizados. Estamos em constante construção. O nosso destino ainda está por vir e depende muito do posicionamento que tomamos e tomaremos diante das vicissitudes da vida. Portanto, em cada novo ano, mês ou dia que está para nascer, faz-se essencial aprendermos a realizar leitura espiritual da própria história e existência. Para conseguirmos ter êxito neste exercício é preciso adotar três atitudes fundamentais, expressas pelos seguintes verbos: admirar, conservar e meditar.

Admirar, como ensina a etimologia da palavra, é direcionar a vista. Quem admira espanta-se diante dos fatos da vida. Quando admiramos algo, permitimo-nos surpreender. A vida ganha um outro brilho. Olhamos o mundo como quem, pela primeira vez, tem a graça de ver. Tudo se torna novo e digno de especulação. Para quem observa a vida desta maneira, nada é velho. Tudo é novo e não há respostas prontas. O mundo e a existência se tornam constantemente objetos de estudo.

Contudo, não basta se admirar e se deixar surpreender. É preciso também conservar. Quem conserva, não deixa a coisa se perder. Não se permite esquecer. Guarda e apreende os fatos. Este gesto, embora possa parecer uma ação meramente passiva, esconde uma atividade. O recebido está no receptor ao modo deste. Mas, também podemos dizer que o recebido modifica o receptor, tal como acontece na relação entre o odre e o vinho. Se de um lado o odre conserva o vinho, este, por sua vez, insere no couro substâncias que o modificam, para cumprir sua função, sem destruí-lo.

Por fim, é preciso também aprender a meditar. Quem medita, mede, pesa e pensa a existência. Meditar e refletir sobre a coisa. É um dobrar-se de novo sobre os fatos da existência. É um ruminar, remoer, para entender melhor e aprender a dar respostas condizentes com aquilo que a vida pede de cada um de nós. Meditar está para além do juízo moral. Não é simplesmente saber se algo está certo ou errado. É acima de tudo aprender, até mesmo com os nossos erros e fracassos. Quem medita chega a raiz de suas ações e descobre a partir de onde brotam os seus gestos.

Ao adotarmos, em nossa prática cotidiana, o admirar, guardar e meditar deixaremos de ser reféns da expectativa de um novo ano, mês ou dia, pois, venham eles como vierem, estaremos prontos para acolhê-los e transformá-los em uma história de amor e de bênção.

Feliz Novas Atitudes!

Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 31/12/2018
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