O Dia em que eu morri
O Dia em que eu morri
Hoje fui assombrado por todas as tristezas do mundo, a solidão que era a minha melhor amiga tentou me assassinar, e a melancolia que a muito tempo a aceitei como parte da minha essência, transformou-se em demência e levou-me a loucura.
Gritei por ajuda mas ninguém naquele quarto vazio poderia escutar minhas preces, as janelas transformaram-se em grades de prisões e aos poucos fui consumido pela escuridão que me aprisionou em um asilo de sofrimento e demência...
Demônios terríveis desciam pelas paredes e as vozes em minha mente lembravam-me que a solução para livrar-se da dor era a morte
Por muitos anos eu acreditei que havia superado os monstros e os diabos, e que o meu pacto com a solidão e a melancolia haviam feito de mim um homem livre. Mas a liberdade havia se tornado mais uma ilusão, e o Niilismo que há muito tempo havia me libertado das correntes frias da depressão e dos vícios também havia me traído.
Pois naquele momento de caos e desespero, eu não era um Niilista, tão pouco um professor ou um intelectual. Eu não era ninguém! Não existiam diferenças entre mim e os vermes, eu finalmente havia percebido que era hoje...
Hoje era o dia em que eu morreria, todos temos que morrer um dia certo? Em algum momento os monstros vão sair debaixo da cama e cobrar o pacto que você fez com o diabo, e ele vai sorrir para você e quando o diabo sorri os homens choram
Destranquei a gaveta, e peguei aquela velha pistola que jurei nunca mais ver. Coloquei-a contra a minha boca e atirei...
‘’ Há momentos em que a solidão irá te trair
e a tristeza tentará te assassinar
então clamaremos por socorro e ninguém poderá escutar nossas preces
pois a única solução será matar as dores que assombram o seu coração
para que nos tornemos estrelas mortas que continuam a brilhar no vazio da escuridão.’’