Übermensch
Trecho do Livro Aforismos De Um Niilista por Gerson De Rodrigues
Não consigo encontrar motivos para a existência sendo a existência minha maior inimiga.
Por que viver?
Pergunto-me todos os dias; Enquanto procuro motivações em livros empoeirados cuja importância só cabe inteiramente a mim, leio de Platão a Schopenhauer e convenço a mim mesmo que estou fazendo algo de útil, o “conhecimento’’ digo a mim mesmo, é importante, “o intelecto’’ repito a mim mesmo é o que vai me elevar ao Übermensch; E para quê? Morrer como Übermensch! Assim como o tolo que morre como um crente!
Não há diferenças entre o tolo e o gênio debaixo de sete palmos, então aonde escondo meu último suspiro de esperança? Aonde encontrei motivações?
Grito por toda a casa
Quebro todos meus pertences GRITO COMO UM LOUCO!!! POR QUE EXISTO???
Sento-me nos cantos escuros daquela casa abandonada cuja única ‘alma’ é um ninguém!
Alguém cuja vida deveria ser tomada a facadas e tiros, da forma mais cruel possível para que no momento de dor e agonia lembre-se que enquanto vivo não valorizou a vida!
E Valorizar o que?
Talvez mesmo diante da morte, eu lamente a inútil existência que me foi concebida contra minha maldita vontade!
Quanto mais elevado o homem, menos motivos ele vê para existir, reflito sobre o universo e logo qualquer motivo que eu encontre para existir me parece desgraçado! Sim desgraçado!
Desgraçado somos todos nós presos neste planeta enquanto buscamos motivos para existir e morrer, sem ao menos conhecer 1% de toda a existência.
E Poderia ser mais cruel? A tal existência?
Às vezes fico pensando a respeito da evolução das espécies, de todas as características possíveis que a seleção natural poderia conceber a uma espécie, nós desenvolvemos a pior delas! A consciência de nós mesmo, a capacidade de pensar, que castigo...
Embora a maioria dos primatas não tenha a mínima ideia de sua inutilidade existencial.
Talvez não exista um problema na evolução de nossa espécie – e sim em alguns homens – os pensadores são eles o problema!
Olhem para todos esses macacos, dançando, rezando, cuidando da vida uns dos outros, discutindo sobre assuntos que pouco conhecem
E claro sorrindo, com suas bocas cheias de dente e cérebros fúteis como a merda suja de cachorro!
Felizes... Progredindo....
Evoluindo...
Procriando...
Enquanto nós pensadores afundamos nossas cabeças em livros empoeirados, escrevemos poemas, e refletimos sobre nossas estupida existência.
Para que?
Para que outros pensadores leiam nossos livros, e no futuro se tornem escritores e produzam mais livros (..)
Quantos filósofos não existiram antes de mim? E quantos outros não existirão depois de mim?
Nos fechamos em nosso mundo melancólico e convencemos a nós mesmo que somos melhores que eles, os chamamos de macacos e nos intitulamos Übermensch (...)
Nós não somos melhores do que eles, não existem vencedores.... No final somos todos macacos. Não existem Übermensch, não existem pensadores, o que existe são macacos, copiando macacos, influenciando macacos
Alguns macacos se chamam Nietzsche
Outros morrem sem ter seus nomes mencionados em algum lugar.
Nietzsche, ou qualquer outro macaco que já tenha existido neste podre planetinha – hoje se encontra morto.
E quando nossa espécie deixar de existir.... Ninguém vai lembrar do que realizamos, pois nossas realizações não passam de brincadeira de macacos no zoológico.