Naquela noite
Chegou cedo, por volta das 3 da manhã
Estava leve, ainda sob efeito daquele momento
Felicidade inundava-o
Paz transbordava-o
Era tudo bom e pleno
O sono não veio, então decidiu meditar
Pegou seus incensos...
Deixou-os acesos... um em cada ponto de entrada, saída e quina da quite
Fechou os olhos e mergulhou em seu interior
A partir dali, em pouco menos de três minutos teletransportou-se
Mergulhou bem mais além dentro de si... como nunca tinha feito
A sala estava escura... somente um pequeno ponto de luz no topo de tudo
Porém, aquele ponto pouco a pouco aumentava
E seguia em seu sentido
Até então ser tocado
Não havia face, a luz era imensa que não permitia definir
Sabia que era uma forma humana
Só não sabia desenhar aqueles traços os quais a luz não permitia
Era tudo silêncio
Estava tudo em paz
Após o toque sentia seus pés elevarem
E só então, notou que estava flutuando e sendo conduzindo para o alto
A sala escura foi tomando forma
Era um espaço negro dentre milhares de formas e cores
Era a imagem do seu cérebro vista de cima
A perfeição das conexões dos neurônios ligando-se eram nítidas e lindas
Repentinamente uma pausa
Elevou seus olhos para aquela forma, que então, já não mais segurava-o
E dentro de sua mente começou a ouvi-la falar
Todas as explicações que ele tanto buscou na vida
E a medida que escutava
Os diversos pontos lá de baixo formava uma tela,exibindo filmes...
Era sua vida toda sendo contada com outros olhos e ponto de vista
Cada uma das experiências que havia vivido, sentido e até sobrevivido
Até as memórias de momentos de sofrimentos eram passadas
Porém, sem explicar, ele ouvia e assistia e começa a entender cada cena com plena paz
Não sabe-se ao certo quanto tempo aquela conversa durou
Pareceu-lhe dias de explicações agradáveis e sem precisar de questionamentos
Tudo estava sendo esclarecido ponto a ponto
A última cena era dela... sua forma... seus abraços... suas palavras e carinhos
A pessoa que, até antes daquele contato com o ser de luz, ele não conseguia parar de perguntar: por quê, onde e como.
Assim... quando o filme lá em baixo começou a exibir
O ser ser iluminado, o qual não conseguia quem era, parou de falar
E ambos centravam-se nas cenas
Quando tudo findou-se, o ser voltou a falar
E a paz era incessante... admirável e apaziguante, tão quanto aquele abraço dela, só que multiplicado infinitamente
E então... após toda explicação... ele entendeu e passou a sorrir
E daquele instante em diante aquela garota não mais era falta
Ouviu tudo que nunca precisa ter escutado com as melhores palavras
Sem precisar mais ficar com questionamentos "e se"
A paz inundava-o tremendamente
E quando tudo findou-se, olhou para baixo
E percebeu que não havia mais salas escuras
Todas haviam desaparecidas
E no lugar... espaços abertos com belos jardins
Nesse momento, começou a sentir a gravidade trazê-lo lentamente
E afastando-se daquele ser de luz
Com um aceno de mão e palavra de até breve, despediu-se
E quando tocou aquele chão verde com o jardim mais belo e incrível
Voltou a olhar para cima e ver a luz brilhar como um raio de sol sob aquele ambiente
E nesse instante abriu os olhos e percebeu que aqueles raios do jardim mental, eram os mesmos que batiam sob sua janela da quite
E com essa bela forma de amanhecer, voltou para si feliz e satisfeito
Sua aura era outra
Seu aspecto mais leve, como se tivesse renascido
E as lembranças daquela que um dia ele amou e recusou-o... não eram mais as mesmas
Eram como cinzas apagadas que serviram para adubar seu jardim e fazê-lo florir mais
Naquela noite... ele foi ao encontro de si e finalmente achou-se
E a última lição deixada pelo ser de luz:
"- Você é a essência mais rara naquele plano humano.
Não permita mais perde-se e deixar todas as virtudes serem trocadas por incorrespondência. Ela foi uma lição do quanto você precisava vim aqui. E finalmente após anos você voltou.... não quero mais perder-te e ver você se perder. Vá, volte para seus sonhos. Estou neles. E agora você finalmente entendeu que não está definitivamente só.
Lembre-se das maravilhas que você viu em você.
Vá... e não pare até chegar...."