A Morte de um filósofo - A Alegoria do conhecimento
A morte de um Filósofo - Alegoria do conhecimento
Um filósofo é baleado por um fã em uma noite fria de novembro, a dor do ferimento era inexistente embora o alvo tenha acertado em cheio seu pulmão; Ao sangrar, em seus últimos instantes de vida ‘balbuciou’ cuspindo sangue pela boca
― Finalmente
Em uma fração de milissegundos o Filósofo abre os olhos...
― Então foi tudo um sonho? Eu não morri?
Ao olhar ao redor de si mesmo percebe um lugar vazio e escuro, cujos clarões de relâmpagos ao fundo clareavam momentaneamente o ambiente, e nestes clarões era possível ver a silhueta de humanoides encapuzados parados encarando-o.
Assustado o filósofo da cinco passos para trás, e grita
― ACORDA!! ACORDA!!
Dando-lhe tapas em seu próprio rosto com os olhos esbugalhados (...)
― Isso só pode ser um sonho... é impossível! É impossível que isso seja real.
Disse o Filósofo em tom cético e assustado.
Alguns segundos demorou para que recobrasse a razão e ao olhar em volta começou a teorizar sobre onde estaria.
― Eu bebi de mais naquela noite? Será este um dos bairros perigosos de Veneza? Não... Eu já estive em Veneza! as noites eram lindas. Sim! Rios! Preciso encontrar Rios!
Dizia o filósofo em pensamento, de olhos atentos sobre as criaturas encapuzadas e aquele mundo sombrio.
Então começou a caminhar, a procura de algum rio, que possivelmente o ajudaria a identificar o local. Ao caminhar por algum tempo um relâmpago clareia todo o céu e um susto tremendo toma conta (...) felizmente o clarão serviu para clarear um breve rio ao fundo, perto de algo que pareciam rochas, ainda assustado, o filósofo caminha até o rio e avista ao longe outra criatura encapuzada de vestes pretas bem ao lado parada como uma estátua.
― Devo me aproximar? Questionou
Ainda cético, Indagou
― Se este for um bairro perigoso e eu fui sequestrado com certeza aquele homem é um suspeito, passei tempo de mais em livros, não sei o básico sobre alto defesa!
Respirou fundo, e se aproximou.
― Olá? Aonde eu estou? Que horas são? Você... você fala minha língua?
A Misteriosa criatura remove seu capuz, revelando-se como uma energia escura de forma humanoide e sem rosto. Com um sorriso branco cheio de dentes e uma voz horripilante que gritou de forma estrondosamente assustadora
― Bem vindo ao nada! Venha comigo e te levarei a lugar nenhum! Fique! E Não perderá absolutamente nada! resista, e terá que viver novamente outra vida!
O Filósofo paralisou...
E seu coração parou de bater por alguns segundos e em sua mente mil questões borbulhavam como a lava de um vulcão;
‘’ ― Então eu realmente morri? Existe vida pós a morte? Seria este o inferno cristão? Não, isso é impossível. Dentre todas as religiões em quais delas estou? Será que alguma delas estava correta? Seria este deus ou o diabo? O que é deus? o que é o diabo?’’
Um suspiro de coragem toma conta do mesmo, e dentre todas as questões que borbulhavam em sua mente ele questiona
― O Que é o nada? e em qual inferno eu estou?
― Inferno? Não existem tais coisas como o céu e o inferno! Gritou a criatura
― Então... que tipo ou qual deus ou demônio é você?
― Não há bem ou mal, deus ou diabo.
Respondeu a criatura de forma calma sorrindo assustadoramente
― Então me diga, de uma vez por todas o que é o nada!? Perguntou o filósofo de forma agressiva
― O Nada é tudo que existe ou já existiu, tudo que você enxerga sou eu pois sou onipresente, tudo que você sabe eu sei pois sou onisciente, tudo que você quiser fazer eu posso fazer pois sou onipotente! O Nada? é o tudo estais diante da origem e do fim, do big e do bang!
Disse a criatura em tonalidade cruel, com um sorriso horripilante
Embora a estranha situação, o filósofo por ter passado boa parte de sua vida estudando filosofia via este momento não como um fim, mas sim uma oportunidade depois do fim, oportunidade para responder questões das quais ele acreditava que morreria sem saber.
Então questionou com a voz tremula
― Se estou no nada, e no tudo... como posso estar em algum lugar? E... Se você é quem estou pensando ser, por que criou o universo? Por que criou a vida?
A Criatura sorri... e se aproxima do filósofo tocando-o com seu dedo putrefato em sua testa.
E toda a vida do filósofo passa por seus olhos, suas dores e alegrias, amores e amantes, amigos e inimigos, tudo que ele conheceu enquanto era vivo passava diante de seus olhos, e do nada um clarão em sua mente demonstra diante daquele simples mortal toda a vastidão do cosmos.
Quando a criatura remove seus dedos da testa do filósofo, ao abrir os olhos ele enxerga a si mesmo (...) e então volta a seu posto ao lado do rio, encapuzado e sorrindo.
‘’ E Quando muito conhecimento buscou, seu próprio deus se tornou’’