Água; Física e uma barata
Minha barata de estimação, bicho de tantas iras, glórias e esgoto, traçadora de roupas, desalentados amores e rasgadora de apontamentos, nesse exato instante tem mais valor que os inertes. No compasso do coração, oscila o pêndulo que é de oscilação, vivem os pulmões que respiram, importuna quem é de importunação e ainda que com o sangue fluindo pelo corpo de cima à baixo, morre quem opta pela morte.
Embora minha impaciente barata saiba, vela nenhuma supera o fogo. Em tempo, ao rezar agradecendo pelas operações noturnas, ela pede ao Cosmo que o fogo venha, mas que as chamas demorem; e quando a falência chegar, a parafina encontre resistência no líquido da vida. Sobretudo, água é saúde e ambos descrevem o encontro do etéreo com o sublime.
E ainda que custe caro emocionalmente, a vida é uma bagatela de dinheiro equivalente a uma barata que habita a Terra, Planeta o qual, habitar sua plenitude, é um imenso barato. Em outra alucinação itinerante, consultei a cartomante e ouvi que vida é uma singela vela acesa e vale muito mais que um único copo de água, - a vida pede vários, miríade de copos de água - tomado por uma barata, que a complexidade do universo explicado pela Física.