Joelho de cinzas

Se ajoelhar só te torna mais patético. E eu que tanto fiz isso, parecia um pato congelado, como se fizesse sentido nosso amor. Se humilhar por algo acabado só tornam as coisas piores. Você parecia ser bem mais forte enquanto sua covardia prevalecia. Aposto que era apetitoso se deliciar no corpo de outro e dizer doces palavras enquanto eu permanecia estático esperando você voltar para nossa cama. Você me tornou forte todos os dias que rejeitou meu carinho. Mais forte ainda enquanto seus sentimentos eram devotos a outro alguém.

Eu acreditei que não era bom o suficiente. Quando você voltava, eu fingia que tudo estava bem mesmo que você deixasse claro que não estava. Pensei várias vezes que a culpa era minha, pois você sempre foi mais forte que eu. Permanecer no lado de alguém por dó te fazia potente mediante ao meu silêncio. Sentir o seu amor para um outro qualquer me machucava cada dia mais.

Era difícil reagir pois o medo de te amar mais do que a mim mesmo foi minha maior dúvida. O tempo que estive do seu lado sempre teve um significado para mim, mesmo que não passassem de cinzas para você. Mas eu reagi. Então é melhor se levantar pois ajoelhar não vai funcionar. Eu simplesmente não ligo mais. Em um certo momento eu desejei ser mais forte que você... E então terminamos. A partir daí as cinzas fizeram sentido para mim também. Esse sentimento que você procura em mim agora, já não existe mais.

E é uma pena que enquanto te vejo de joelhos, percebo que realmente você deveria ter sido mais forte que eu. Perder alguém que te amava não deve ter sido fácil, principalmente se um dia você também me amou. Não foi fácil te perder aos poucos. Não seria fácil você perceber que eu era mais forte que você. Mas acredite, você me tornou melhor. Me tornou alguém forte o suficiente para nunca mais amar você.

Marçal Morais
Enviado por Marçal Morais em 18/02/2018
Reeditado em 18/02/2018
Código do texto: T6257796
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.