Há Poesia nos Ventos do Século XXI?

Não há filósofo mais cientista que o finado meu pai: "estuda-se para asno, porque inteligente, nascemos". O que ele quis dizer com essa afirmativa? Os humanos são tapados a ponto de não usar o mínimo os sentidos que possuem; o que deve (ou deveria) ser conhecidos pelos "inteligentes", como significado de percepção.

Recorrendo ao senso comum, seu filho diz que tal fato ocorre por causa da procrastinação tão comum no cotidiano humano; ou seja, no universo humano, tudo é tocado pela ocasião, pelo momento, nasce já determinado para a morte; portanto, raramente depara-se com uma "inteligência" pensada e planejada para o decorrer do ciclo vital.

Recorrendo ao senso comum mais uma vez, embora não seja citado nos dicionários, percepção é "sinônimo" máximo de inteligência. A falta de percepção é o passo fluente e milimétrico em direção ao abismo.

Por falta de percepção, o gato mia, o cão late, os bovinos falam, ronronam os lobisomens. As serpentes sibilam, os religiosos discursam sobre o apocalipse, mas continuam enchendo o mundo com Gênese do "ide, acasalai, prosperai e enchei a Terra"; a tartaruga fica para trás, o coelho chega em primeiro; os eleitores insistem em votar nos ladrões de seus cofres; os resignados se sucumbem à soberania das leis; os políticos praticam a desobediência ética e moral; equinos relincham, os cupins traçam, as abelhas zumbem e morrem os homens.

Resumindo: Deus forneceu a alguns homens, ou aos 99% da humanidade, coisas a mais que eles usam; e se decapitarem a cabeça desses e no lugar acoplar uma melancia (ou uma jaca, ou algo que o valha) o corpo não sofre nem um pouco. Ventos são rebeldes e voam á liberdade em qualquer direção.

Aliás, sobre esse pequeno, grandioso e ilustrativo detalhe nos sórdidos "Há Poesia nos Ventos do Século XXI?", está previsto para em breve (se não for blefe midiático/científico), um cientista italiano fazer a colagem de um mente sã, a um corpo são; portanto, descartam-se dois corpos com deficiências diferentes e emendam as partes em bom estado, tornando os dois, apenas um. Se der tudo certo com a proposta do cientista e meu pai voltasse à Terra, diria que esse sim é cientista que estudou para adquirir saber e conhecimento acima de todos, cuja finalidade é revolucionar os conceitos humanos; porque o resto, faz parte das inutilidades do monte de escória.

Monte de escória, aliás, nada reciclável. Afinal, a humanidade além de resistente, é casmurra, obtusa, hermética às mudanças; que deveriam ser uma das boas virtudes perceptivas dos humanos. Sobre essa tese dotada de senso comum, a tal de "alegria ou na dor", sugere as adaptações forçadas ao meio. A frase bíblica foi ratificada bem mais tarde pelo psicanalista Jung, ao dizer que "na vida, ou adapta-se, ou morre".

E entre o dito pela bíblica e Jung não existe subterfúgios para ponderação e colocação da condicional "Se". São defesas de teses firmes, rígidas, impositivas, que não aceitam ponderações e achismos. Aceite ou não, é isso e fim de papo! Nada de diplomacia democrática, o que é recorrente entre as "inteligências" atuais.

Há Poesia nos Ventos do Século XXI?

Em partes há, em partes não há poesias nos ventos que sopram o século XXI; ou se há em totalidade, prove com atos, porque na maioria das vezes, nas palavras escritas ou faladas, sobram teses, bazófias, teorias e belas poesias; porém quase nada de concretude dialética/filosófica e aplicabilidade científica no dia a dia. E o resultado da colheita é determinado pela lei da semeadura, a qual impõe ao agricultor, colher o que ele plantou. Plantou feijão, colhe-se feijão. Plantou arroz, colhe-se arroz. Plantou percepção, colhe-se percepção. Plantou procrastinação, colhe-se procrastinação. Sem mais ou menos, colhe-se exatamente o que foi semeado; afinal, a geminação dos grãos não falham em totalidade. E ainda que carunchado, um ou outro grão se salva; e dele, novas bagas.

- Toda essa verborragia, incluindo legados de família e o que importa-me sua família, para finalizar com um sermão barato, como foi esse, Mutável? O que diz a lei da semeadura, não há um só ser no Planeta que não saiba; mesmo porque, a Bíblia foi o primeiro livro escrito pelo homem, para os religiosos e homens.

Em tempo, a diplomacia democrática sabemos de cor, só nos resta ser democráticos. Se não for bastante, faço das palavras do literato infantil, Monteiro Lobato, as palavras de um adulto ignorante, mascador de pito de palha no canto da boca: "se plantá dá, se não plantá, dão; então, não planto, não"!

Venha: Café Servidooo!

Aguarde por uns minutos, porque nessa manhã despertei despenhadeiro. Ribanceira. Caos. Sem lua. Estrelas fugidias. Tardes em arrebóis. Manquitola. Abismo raso. Oceanos abissais. Infernos profundos. Por favor, aguarde mais um pouco. Escrevo sobre a poesia de fim de mundo.

Tudo é borra acinzentada. Dentes de vampiro. Sangue em lençóis. Olhos que giram nas órbitas. Arco iris demoníacos. Escrita azeda. Endometriose uterina. Estado de coma. Fimose cortante. Insípida prosa em cor rosa. Mioma estuporado. Bolas de fogo. Licor venenoso que alimenta o feto. Cafajestice. Vidas sórdidas de homens objetos. Pronto, escrito o que penso sobre a validade dos abjetos. Já imaginava que a poesia de fim de mundo é minha vizinha e parente em primeiro grau.

- Venha, café servidoo!

Por favor, mais uns segundinhos, que eu irei. Tudo tende ao fim, até o meu prazer pela cafeína; mas irei em breve. Já. Antes, a poesia de fim de mundo está agonizando seus últimos segundos. Agora sim, não tenho mais o que escrever no momento. A poesia de fim de mundo acabou; e preciso, urgentemente, repor as energias. Cafeína matinal é tudo que minhas veias precisam e os meus neurônios agradecem pelo zelo quem a plantou, a chuva que molhou, quem a colheu, torrou e agora posta à mesa! Alguns homens raros ainda destinam seus labores em detrimento aos sorrisos vivenciais, ora desumanizados pela poesia de fim de mundo. Para os benévolos, os quais formam o conjunto duplamente vazio e nulo, a poesia de fim de mundo não deveria existir, jamais! Destarte, salve Deus Pai sobre todas coisas e eles em segundo plano! Em sua simples humildade, criteriosos homens!

As poesias cotidianas são ações vampirescas e deixam os poetas lívidos, como milagres de cera. Poesia de fim de mundo é o coma da morte cefálica, antes da falência múltipla de órgãos. O fim de peitos pulsantes em corações estáticos. Poesia de fim de mundo é o beco sem saída. A toxina que eliminou os vírus e bactérias na proveta de ensaio. O fim de linha e início do eterno novelo. Ácido hipoclorídrico.

No entanto, a poesia de fim de mundo é amissíssima da humanidade e não há um, apenas um humano, que não precise dela. Poesia de fim de mundo inspiram novos tempos; sobretudo, poesia de fim de mundo é o clamor cantado e decantado de uma nova era. Poesia de fim de mundo é ócio que dá trabalho ao escritor, mas vale a pena, que depena as verdades em poesia.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 18/02/2018
Reeditado em 24/02/2018
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