A vida sempre me mostrou o pior caminho
"A vida sempre me mostrou o pior caminho. Mas, estou conseguindo vencer. Sabe por quê? Porque existe um Deus por mim e você. Nunca desista." (Germano Maceió, um amigo)
"Deus é o Deus que conserta caminhos!"
Essa frase "A vida sempre me mostrou o pior caminho" me fez parar um pouco e refletir.
Algumas pessoas vêm ao mundo com a sorte tremenda de ter na vida as portas necessárias para se viver em paz, com decência, dignidade, boa educação. Quando falo isso, excluo a vida regrada e condicionada pela riqueza. Pois alguém pode nascer como um rei, mas em um reino construído com injustiça, roubo, trapaça, etc., o que não representa dignidade.
Ao entrar nessas portas, um caminho pacífico as espera, com uma base sólida para construção de suas vidas. Sem grandes atropelos ou muitas agressões, elas conseguem caminhar e cumprir seu destino, conseguem formar suas opiniões e objetivos. Seu barco está preparado para tempestades e calmarias. Em cada milha velejada podem usar a bússola, o mapa e com equilíbrio navegar.
Já outros têm a sua frente tantas vezes o pior caminho. Tantas vezes que chega a ser sempre. O caminho dos esquecidos, dos que não têm portas nem acesso ao que pode garantir dignidade na vida.
O pior caminho é aquele que é minado, que em cada passo há riscos de explosões e sua vida ir pelos ares sem esperança de retorno. Só existe uma certeza: a incerteza de chegar. Ele começa a saber logo cedo que não vai ser fácil viver. Cada dia é nascido sob o império da falta de luz pra vida, do abandono, há sempre uma luta a mais, tantas vezes por um pequeno grão de feijão no prato.
Não consegue se proteger do frio que corta o corpo e o coração. Ao andar nas ruas pouca é a aproximação daqueles que parecem sempre estar à frente. E ele lá, enjaulado na sua pequenez, no mundo de desprezo, e parece ser visto como um empecilho, como algo desnecessário pra sociedade, pro governo, pras igrejas, pras ONG's, para os partidos políticos, etc.
O pior caminho. Ao invés de ir pra escola desde cedo, vai trabalhar, pegar no pesado, se expor a baixos salários, a alguns ricos que exploram cruelmente a miséria alheia. A filosofia que os guia é: "Pelo menos vou ter algo pra comer".
Dormir no relento, num colchão sujo, num lugar sem segurança, num lugar fora de mapa, fora de controle. Tudo adoece por dentro e por fora. Tudo dói ainda que insista em procurar sorrir.
O carrinho da vitrine é um sonho distante.
A bonequinha de cabelos loiros contrasta com a pela amarronzada da menina. Mesmo assim, essa boneca é seu maior sonho, seu maior motivo de choro.
Logo cedo, pessoas que recebem não todo instante. Não, não, não. Elas existem, mas sem finalidade. Vieram ao mundo como que por um erro: "se seus pais eram pobres e não podiam ter filhos...". Não: não tem médico, não tem remédio, não tem leito. Adoecer é ficar sempre próximo da morte.
Não pode andar, não pode comprar, não pode voar, apenas rastejar; limita seus sonhos, suas vontades, a infância se vai, a juventude chega sem graça e envelhecida.
As opções de trabalho são injustas. Seu currículo não convence, a dos concorrentes é invejável.
Há alguns que conseguem superar tantos desafios. Conseguindo viver a cada dia, conseguindo sobreviver a tantas lutas, a tanto desprezo, conseguindo escapar dos naufrágios constantes, sem bússola, sem mapa, porque ainda mantêm viva e forte a esperança em Deus! Deus se torna o mapa e a bússola.