Diabete

Certo dia impus à vaidade que sentasse ao meu lado. Nos atracamos entre xingamentos e escrachos. Por pouco não saímos nos tapas. Juramos mudar as nossas posturas. Tudo em vão: no dia seguinte, para zombaria de meu espelho, tudo se repetiu, exatamente igual como vinha ocorrendo.

Com o sangue ralo, sinto-me fraca, desvalida, escravizada, sem tesão, sem forças para nada. Está afetando até meu casamento, pois meu marido reclama, esperneia, sacode, cavuca daqui, bulina de lá e comigo nada acontece; quando acontece, são luzes de freio que acendem. Ameaça, inclusive, ir para a casa da mãe. Por mais que tente disfarçar usando perfumes franceses, minhas amigas não suportam o mal cheiro proporcionado por essa desalentadora.

Ou agente se acerta, ou acabarei perdendo tudo. Infelizmente com essa maldita, venenosa e silenciosa vaidade que circula pelas minhas veias, não tem negociação. Traidora, para completar, fez a cabeça do ego e agora os dois não param em casa, batem perna o dia todo. Como são irritantes!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/04/2017
Reeditado em 02/04/2017
Código do texto: T5959194
Classificação de conteúdo: seguro