NÓS NOS ESQUECEMOS...
Hoje meu coração se liquidificou.
Fez-se água e emoção.
Uma mistura de gratidão e uma compreensão do quanto nos esquecemos.
Da minha memória curta!
Os momentos de tranquilidade nos trazem uma paz construída pelo esquecimento seletivo que criamos para nós mesmos. Uma carcaça protetora, um mundo particular, onde colocamos barreiras às tristezas como forma de nos pouparmos da própria vida.
Sabemos que muitas vezes o fazemos, pois em dado momento a dor foi tanta, ou maior que a carga que ousávamos suportar. E depois disso qualquer dor, comparada a essa, fica pequena, ou de menor significância. (Penso nisso quando penso na perda de minha mãe). Deixamos de lado algumas verdades, outras tristezas, outras circunstâncias necessárias, mas não tão agradáveis algumas pessoas carentes, mas desconfortáveis, sempre a olvidar algo aqui e acolá com medo de que algo, novamente, venha nos ferir, causando outra dor tão doída.
E hoje, dentro da minha gratidão, refletindo, surge essa luz que me fez ver minha fase cega, surda e sem memória.
Quando precisei, doída, ferida novamente, orar por um pedaço de mim, percebi, meus pedaços silenciosos.
Era quase um conformismo, um descanso na aceitação da dor alheia, mesmo doendo em mim, pois, não era a mesma proporção.
Mas hoje a dor era minha...
E vibrava alto, ressoava transpassando meu coração, fazendo eco no universo, transformando meu coração em cachoeira caudalosa de lágrimas, banhada pela luz do meu amor em oração.
Como Deus não me ouviria?  Apesar de mim?
Daí veio junto com a certeza do descanso em Deus, a lembrança dos meus esquecimentos.
Dos silêncios adormecidos em mim.
E a oração se estendeu, e o coração liquidificado se fez rio caudaloso, que foi lavando minha alma, purificando, e alcançando todas as almas sofridas que um dia olvidei e até às minhas lembranças felizes e a todos que fizeram parte da minha vida.
Conclui, aliviada e leve.
Compreendi o momento exato, onde a minha dor foi maior, e depois dela, todas as outras se tornaram pequenas demais para merecerem meu coração. Mesmo sendo um ato egóico, era minha essa dor. E doía!
Mas hoje voltei a mim. Voltei a doer por amor.
Resgatei em mim, um alguém que se perdeu pelos caminhos sofridos da vida.
Resgatei meus esquecimentos.
Doravante minha paz será verdadeira, e se não houver paz ou alegria, será porque estarei doendo uma dor, minha ou não, mas estarei viva, e não haverá muros entre a paisagem do meu coração e a que meus olhos veem. E se meu coração chorar, meus olhos o acompanhará. E se meus olhos se entristecerem, meu coração doerá, por todas as paisagens que meus olhos chorarem.
 
Irani Martins
03/03/2017
 
 NÓS NOS ESQUECEMOS...
Hoje meu coração se liquidificou.
Fez-se água e emoção.
Uma mistura de gratidão e uma compreensão do quanto nos esquecemos.
Da minha memória curta!
Os momentos de tranquilidade nos trazem uma paz construída pelo esquecimento seletivo que criamos para nós mesmos. Uma carcaça protetora, um mundo particular, onde colocamos barreiras às tristezas como forma de nos pouparmos da própria vida.
Sabemos que muitas vezes o fazemos, pois em dado momento a dor foi tanta, ou maior que a carga que ousávamos suportar. E depois disso qualquer dor, comparada a essa, fica pequena, ou de menor significância. (Penso nisso quando penso na perda de minha mãe). Deixamos de lado algumas verdades, outras tristezas, outras circunstâncias necessárias, mas não tão agradáveis algumas pessoas carentes, mas desconfortáveis, sempre a olvidar algo aqui e acolá com medo de que algo, novamente, venha nos ferir, causando outra dor tão doída.
E hoje, dentro da minha gratidão, refletindo, surge essa luz que me fez ver minha fase cega, surda e sem memória.
Quando precisei, doída, ferida novamente, orar por um pedaço de mim, percebi, meus pedaços silenciosos.
Era quase um conformismo, um descanso na aceitação da dor alheia, mesmo doendo em mim, pois, não era a mesma proporção.
Mas hoje a dor era minha...
E vibrava alto, ressoava transpassando meu coração, fazendo eco no universo, transformando meu coração em cachoeira caudalosa de lágrimas, banhada pela luz do meu amor em oração.
Como Deus não me ouviria?  Apesar de mim?
Daí veio junto com a certeza do descanso em Deus, a lembrança dos meus esquecimentos.
Dos silêncios adormecidos em mim.
E a oração se estendeu, e o coração liquidificado se fez rio caudaloso, que foi lavando minha alma, purificando, e alcançando todas as almas sofridas que um dia olvidei e até às minhas lembranças felizes e a todos que fizeram parte da minha vida.
Conclui, aliviada e leve.
Compreendi o momento exato, onde a minha dor foi maior, e depois dela, todas as outras se tornaram pequenas demais para merecerem meu coração. Mesmo sendo um ato egóico, era minha essa dor. E doía!
Mas hoje voltei a mim. Voltei a doer por amor.
Resgatei em mim, um alguém que se perdeu pelos caminhos sofridos da vida.
Resgatei meus esquecimentos.
Doravante minha paz será verdadeira, e se não houver paz ou alegria, será porque estarei doendo uma dor, minha ou não, mas estarei viva, e não haverá muros entre a paisagem do meu coração e a que meus olhos veem. E se meu coração chorar, meus olhos o acompanhará. E se meus olhos se entristecerem, meu coração doerá, por todas as paisagens que meus olhos chorarem.

 Irani Martins



 
Irani Martins
Enviado por Irani Martins em 03/03/2017
Código do texto: T5929463
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