As confissões de uma ex-atleta
O esporte transforma de uma que somente quem já teve as suas estruturas abaladas por ele entende. Eu passei por isso, mas abandonei tudo por medo e somente agora, depois de 10 anos, eu entendi isso. Eu tinha sonhos, grandes sonhos, queria disputar olimpíada, ganhar medalhas, levar a bandeira da minha sofrida Baixada Fluminense no peito, mas não consegui.
Até hoje isso me angustia, me tornei uma pessoa diferente, perdi parte da minha felicidade, parte de meus sonhos. Eu tenho uma profissão que gosto, que tenho habilidade, possibilidade de crescer, mas realmente não sei se quero.
Às vezes me pego sonhando durante semanas com como eu estaria se tivesse tido coragem de arriscar tudo no que eu acreditava. Que me falavam que eu tinha futuro, que eu também era boa. Se naquela época eu tivesse a maturidade de entender que o tempo é necessário para tudo e que ele, e muito treinamento me tornariam uma atleta melhor.
Mas a culpa foi minha. Só minha.
Tive ótimos mestre, professores de educação física que dedicaram todo o tempo e todas as técnicas que eu precisava. Que acabaram com todo o meu fôlego até que eu conseguisse... Em uma época em que o esporte era parte integral da minha vida. Devo PERDÃO a essas pessoas, pois sinto que decepcionei muitas pessoas.
Estou tentando correr atrás do tempo perdido. Tentando voltar a treinar. Não quero medalhas, mas quero acabar com a agonia e a culpa que eu ainda sinto depois de 10 anos. Sei que é possível. Sei que vou conseguir, porque afinal de contas, eu sou a única pessoa que pode me fazer desistir. Na verdade, sempre foi assim.
Estou me cobrando de verdade, como nunca fiz antes. Indo além dos meus limites, por mais que isso não seja tão aconselhável. Eu preciso disso, essa é a pessoa que eu sempre fui e que estava perdida em meio a tantas dúvidas.
Minhas mãos estão tremulas, meu corpo dolorido, todo mundo falando para desistir, mas eu não vou, não novamente. A vitória corre em minhas veias e não tem volta, porque eu vou lutar, lutar até o fim. Todos os que desejam a minha queda vão perceber que não adianta o quanto me batam porque eu vou levantar sempre.