A humildade dos artistas

A HUMILDADE DOS ARTISTAS (Por Joacir Dal Sotto *)

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O meu corpo já está dolorido após uma noite em que estive exposto ao extremo. A associação perdeu sua força diante indivíduos fortes que sozinhos conseguem exalar novos valores. No meio do rebanho qualquer brilho é visto como o oposto de uma fútil humildade. A alegria nunca foi determinada pelo número de pessoas que estão ao redor do indivíduo.

As canções evidenciam o belo e a incompreensão dos idiotas não importa aos verdadeiros artistas. Certamente é o vício que provoca o aniquilamento moral, certamente é a glória que precisa ser realmente intransferível ao senso comum. Irá faltar espaço para que metáforas sejam lidas com precisão, irá faltar espaço para segurar dois corpos que ardem em desejo. Mesmo que os poemas não tenham fim, é o ídolo que precisa ser assassinado antes do tempo que lhe consome.

Muitos querem determinar os passos do poeta, ainda que nenhum amor seja verdadeiro sem a loucura. A tradição tenta expulsar espíritos e quem não acredita em espíritos fica com medo da caveira exposta na casa mal iluminada. Poderíamos fazer parte da mesma fraternidade, o problema é o medo que sufoca um lindo sorriso de egoísmo. Alguns preferem uma vida de submissão, alguns não querem a liberdade proporcionada pelo jovem.

Até os últimos dias da divindade que hoje predomina na terra, será possível ver um grito de sofrimento provocado no coração das escalas inferiores da sociedade. Foi através dos séculos que senhores estiveram além do bem e do mal, é através da modernidade que ficam praguejando contra quem é simplesmente diferente e puramente superior. Na guerra quem é dono da mais pura compaixão, está perto da morte e da vergonhosa derrota. Precisamos da paz, da mesma maneira que um grito que não mata é o que fortalece.

Quando o fim realmente bater de forma escura em nossa porta, será a embriaguez que talvez preencha toda a dor, será a lucidez que talvez deixe o próximo filho sonolento. O Diabo e Deus são malditos quando determinam a vontade do homem. É preciso que saibam que o amor é soberano, que a vida sem amor é tolice de quem prefere escolher a miséria. Na dificuldade de sufocar o medo é o prazer do jovem que faz esquecer das mazelas de quem apenas entristece.

* Escritor Joacir Dal Sotto, autor do livro "Curvas da Verdade".

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 27/03/2016
Código do texto: T5586581
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