Mudanças
Não é porque se foi que não foi real.
Não é porque mudou que nunca foi.
Nós temos essa educação binária do mundo, onde todos e tudo no mundo ou são ou não são. E se não é, é porque nunca foi. E se é, é porque sempre será.
O presente é sempre eternizado como verdade e se propaga para o futuro como expectativa, e para o passado como corrosivo de lembranças.
Lembro das decisões radicais de O brilho eterno de uma mente sem lembranças. Como não nos arrependemos por corroer lembranças com o veneno amargo do nosso presente eterno?
Nós temos que aprender que o presente é como o vento na praia, que acaricia o rosto e segue a acariciar outros rostos, para que o futuro vire presente. Nós temos que entender que a chuva cai, molha tudo no presente e o futuro vem para que a água possa secar. Mas o vento não deixou de te acariciar e a chuva existiu e molhou.
Vive-se no presente, o futuro chega e ele não apaga o que se tornou passado. Entretanto, não faz mais sentido usar guarda-chuva quando a chuva já passou e o futuro já chegou para secar a água.