Amigo do Mar
A maré estava cheia,
O mar sereno,
Os barcos ancorados não se moviam.
Ao longe, pequenas ilhotas.
Na praia, disputando comida,
Famintas gaivotas.
Sentada na areia,
Olhar distante.
Algo triste,
Marcava aquele semblante.
Parecia presa numa teia.
Mulher com mais de cinqüenta,
Ilhada por pensamentos,
Revivia sentimentos.
Quando a maré baixou,
Costões apareceram,
Pedras escuras e escorregadias.
Enroscadas nelas,
Redes de pesca, velhas, rotas e vazias.
Quantas coisas mais
Esconde nossa vida em maré cheia?
E preciso ser amigo do mar,
Ele ensina o coração a viver,
A alma a navegar
E... os pés na areia...
A caminhar.