Pra sempre?

Eu vago pelo mundo... me atento em detalhes que dali meia hora não mais existirão... eu não mais me lembrarei.

Queria que assim fosse a memória do coração. Que ela nos saciasse por alguns instantes, depois deixasse o espaço livre, pronto e afoito para a próxima e efêmera paisagem.

Eu sei... eu talvez goste de brincar de amor... mas não... não dessa vez e não... não com você.

Teus olhos, teu sorriso, tuas manias: isso é tudo o que eu quero pra mim!

Eu queria descobrir a pessoa que eu sou, tendo você ao meu lado.

Eu entrei no jogo. Me armei, montei minhas táticas... eu queria que você se apaixonasse. Ledo engano. Tiro no pé: arrebentei meu coração...

No meu jogo, onde eu estudo e penso em cada passo que dou, cada palavra que eu digo: você é um jogador NATO. Eu não tive chances ao te enfrentar.

Essa coisa toda sobre sinceridade... esqueci que nem sempre funciona.

Cai na minha própria armadilha. E sorri quando te vi se aproximar, acreditei que me salvaria. Me enganei. Foi como o último suspiro de um moribundo.

Eu vejo que tudo acabou. Me resta recolher as peças e partir.

Ainda sinto o punhal em minhas costas, a cada minuto que você se distancia, a cada milimetro eu sinto a dor e o vermelho do sangue a me queimar.

Me deito sobre o tabuleiro, eu gosto de observar a posição em que cada peça esta.

Rumino dentro de mim o fato de ter me deixado levar!

… na verdade eu sempre soube, sempre! Sempre soube que dessa vez eu não jogava pra ganhar: eu jogava pra “te” ganhar.

E o que sobrou de mim foi pouco... quase nada! Mas são essas peças, essas parcas peças... lascadas, caídas aos meus pés, que eu tenho a oferecer.

E eu aprendi que arriscado sempre é.

Aprendi que pode ser pra sempre...

Pronto . Pode não ser mais!

Perco toda a minha pressa. Me dou conta que meu tempo é todo teu.

Sim.

Eu ainda estou no jogo!

Rendo-me aos teus pés.