O relógio da vida

Naquela velha maneira do solitário ver o tempo, era o tempo do mundo que passava, enquanto que o novo tempo criado dentro do andante não era nem discutido, como tempo todos os tempos se resumiam em sua alma tão superior. A sua forma diferenciada de sentir compaixão não era compartilhada em conceitos, os conceitos envelheciam como o corpo humano que possui todas as misérias das quais depende. Enquanto ele estava no futuro com suas metáforas moralistas no que concede ao estado mais elevado da filosofia, viam de seu passado um conhecimento grandioso que em nada se comparava com todos os valores religiosos pregados no sentimento de afastamento dos valores cristãos.

É lógico que poucos lhe compreendiam e apenas em partes ele poderia compreender a individualidade que assombra o sentido humanitário de crescimento. A reflexão tinha o seu objetivo soberano, a tolice era que o solitário não suportava pessoas que acreditavam ou não em Deus, enquanto que estavam desviadas dos valores que queriam participar. Na vida de rebanho não existe o que antecede o rebanho para que ao menos exista um grau de compreensão, o que existe é uma tentativa de impor naquele que antecede a essência algo sem clareza.

Certamente o relógio ficava funcionando mesmo que o relógio fosse apenas o nascer do sol e o aparecimento da noite. Nas esferas do ego daquele nobre solitário tudo se intensificava, tudo se misturava sem se igualar. O solitário tinha tudo e quando estava no meio da multidão não se importava de não falar aos outros das terras que surgiu e muito menos para os novos planos montanhosos que iria.

O que havia e existe de referência de nada importa, o que importa é o que está sendo feito no seio da coletividade. A falta de sinceridade é uma arma de tristeza, sendo sincero e praticando valores que vão do não homicídio ao gesto de compreensão, estamos tão distantes dos conceitos mundanos de Deus, que na realidade não é mais Deus que importa no convívio. Logicamente são valores demasiadamente humanos que preenchem a vida em sociedade, o querer não é ser e o ser talvez nunca seja a amplitude perfeita do mundo.

Peguem na mão do solitário e nunca deixem de escolherem, é que aquele solitário ainda é um solitário. Não tentem sufocar ideias através de verdades absolutas, uma ideia se acaba quando nasce da inferioridade de quem lhe segurou no coração. O fim do mundo ou o início do mundo não modificam o meio do indivíduo, o meio é fonte de escolhas e sem escolhas irá sobrar preocupações para com o relógio que nunca irá parar de funcionar.

Escritor Joacir Dal Sotto .'.

Em breve o meu livro "Curvas da Verdade" pela Editora Multifoco!

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 29/06/2015
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