Silêncio que pulsa

Quem é você... me diga!

Mas não me conte com palavras usuais, não quero saber da tua história proferidas por sonoridades. Deixe que eu sinta pela quentura da tua pele.

Vista-se de mim.

Deixe que eu descubra se meu corpo é o encaixe perfeito pro teu... em cada curva, em cada silêncio, em cada arfar...

Essa incógnita nos teus olhos... não, eu não quero descobrir que acaso não é meu... essa sua metade não me basta.

Pense!

A simetria é perfeita. Eu sei... tudo bem, eu entendo. Talvez a cor dos meus olhos não lhe tenha agradado...

Eu sei... esse meu olhar... esse meu olhar que incendeia sinceridade: realmente – não é pra qualquer um.

Te desculpo por me fazer perder tempo, ocasionalmente, poderia ter sido, mas inevitavelmente: nunca seria você. Pra sustentar meu olhar, tem que saber brincar com fogo!

Não há como me levar pela metade. Sou inteira demais pra me deixar ir. Tudo em mim exala, transpira: inspira! Os melhores cheiros, os mais fortes desejos.

Talvez, somente talvez. Eu me contentaria com uma metade tua. Aquela que você não deixa que seja vista. Ali, além do teu coração, estão todos os teus defeitos...me pergunto: eu quero isso? Quero que realmente tudo assim se acabe?

Poderia ter sido doce, além de quente. Uma harmoniosa canção... Será que me tiraria pra dançar?

Habitualmente, anseio pelo silêncio... o único a me trazer alguma paz. Não canto melodias, não deixo que meu corpo por elas se embale.

Coração silencioso pulsa. Eu o sinto. Mando-o parar. Aquiete-se! Insolente coração.

Corpo e alma deviam se doar sempre a uma pessoa só. Não o fazem. São como dois leões a brigar.

Fito-me. Estranho-me.

... nesse mundo de dubiedade eu continuo sendo uma emoção só.

Babi Bordin
Enviado por Babi Bordin em 24/06/2015
Código do texto: T5287851
Classificação de conteúdo: seguro