Infinidade

Repentinamente, abro os olhos. E pra onde olho só vejo o azul do mar, o doce azul do mar, o amargo azul do mar... insípido. Tanto amargor... o do mar, o da vida, o da minha vida, da vida alheia... da minha alma.

E não adianta fechar os olhos. Quem se esconde dos próprios pensamentos quando eles gritam, explodem dentro de si?

E a flor que foi lançada, ao longe se avista. Nada se faz para recuperá-la: deixo que essa beleza passe, ela não mais me encanta.

De longe, essa flor, ora já vistosa, zomba do meu olhar enfadonho, que, pasmem os bons corações: ainda acredita na vida e na eternidade do amor, efêmero amor...

Tantas belezas no mar...

Quando mergulho ou emerjo , tudo me inunda os olhos, nada me preenche a alma...

Penso: quem sou eu afinal? Quem sou eu no final?

Esqueço todos os meus meios e recomeços. O mar eu pareço abri-lo com a força delicada das minhas mãos... não sei se nele mergulho ou dele me despeço. Tudo é tão atrativo e a dor me rouba as cores da vida.

Não, eu não quero naufragar.

Eu tenho as mãos úmidas do azul que do mar abri... quem sabe aos poucos um tanto dessa cor me escorra pelas veias, azulem minha vida!

E o vento me sopra sussurros. Eu me curvo ao seu passar, envergo na tentativa de manter-me viva... viva na morte que me reconstrói... me destroça...

Olhando o infinito da vida eu choro. Choro o quanto for preciso... quero que todo o azul do mar tome o rumo necessário até que se achegue a mim... e em mim faça morada. Quero ser abraçada por essa imensidão e quando me encontrar de volta, mergulhar nessa colcha de arco íris: totalmente recomposta.

Repentinamente pisco os olhos... não, não pode ter sido um devaneio...

Caio ao chão e indago a Deus qual o motivo de ainda estar aqui... por qual motivo insisto em insistir nessa vida, que, definitivamente: nada sabe de mim...

Adormeço em minhas lágrimas, tão salgadas quanto o mar...

Tudo se acaba!

Babi Bordin
Enviado por Babi Bordin em 22/06/2015
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