A condição profundamente humana

Ao poucos o mundo vai provando que tudo o que está por fora, nasce daqueles que se voltam para dentro de si mesmos. A grandeza do mundo começa no ego e sem uma explosão ninguém consegue ser livre. Na contradição de quem não se limita ao velho, vemos que existe a luz do momento que vale por si mesmo.

Poderíamos tentar caminhar pela montanha sem retornarmos ao vilarejo, o problema é que somos demasiadamente humanos para que um dia sejamos deuses. Outros ficam buscando pela fé e mal sabem que a fé apenas concede aquilo que se busca, outros buscam pela verdade e nunca estão presos em conceitos absolutos de que no amanhã teremos salvação. Interpretar valores nunca será o mesmo que compreender da margem objetiva de cada verdade.

Quando chega o fim nada mais existe além do momento que poderá servir como ponte. A vida é boa quando temos boa saúde e péssima quando toda a vontade não faz da alquimia uma maneira de transformar chumbo em ouro. Dos exageros é natural restar a divisão, de um lado fica o sábio e do outro um rebanho que não faz com que seus membros sejam indivíduos emancipados.

Nadar contra a corrente é insistir em defender velhos valores, quando se percebe o desgaste emocional do doutrinador é algo devastador ao jovem. Tudo poderia ser mais belo e alegre, ainda que sejam eternos aqueles que preferem o rebanho como fuga. Na condição humana seremos eternamente todos desiguais nas ideias, na condição divina nada poderá ser afirmado como verdade absoluta, é que ainda permanecemos como demasiadamente humanos.

O amor poderia ser a porta para que grandes sonhos fossem realizados, a desvantagem é que alguns buscam é odiar quem é diferente apenas por vontade de poder. A condição humana termina na transmutação de todos os valores, caso contrário estaremos demais convictos de que o agora é a prova da impossibilidade de que tudo muda. A arte restaura quem caiu no abismo e ao mesmo tempo não foi feita para ser compreendida por quem é impaciente, por quem não ama, por quem é ressentido, por quem é esperançoso, por quem busca apenas pelos aparentes defeitos do mundo exterior.

Escritor Joacir Dal Sotto

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 04/06/2015
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