A fuga para que a vida termine
De nada adianta se recolher como um animal domesticado que teme pelo seu dono, no caso do ser humano é o convívio com as pessoas e o mundo que não poderá ser recolhido. Fugir do mundo e das pessoas é pura ignorância. A vida é muito curta para ser dividida entre um hoje medíocre e um amanhã que nunca chegará.
Existem tantas canções que precisam ser tocadas pelo solitário no deserto, que alguns viajantes ou moradores do deserto irão querer ouvir tanta beleza de quem se alegra com a própria arte. Um caminho está aberto em meio da multidão sem a necessidade do indivíduo procurar pela maioria ou minoria, o essencial é sorrir com aqueles que lhe acompanham. Fumar e beber como ponte para acabar com a aflição é a escolha dos tolos.
Ser duro nas palavras e tocar diretamente na crença das pessoas é o caminho mais curto para que se chegue ao coração dos que precisam despertar para o amor. Está no coração toda a saída para que o mundo ganhe luz, para que o mundo tão diverso seja a exuberância de um único ser que vigora em todos os corações humanos de forma distinta. Podemos mostrar que a lua não é de sangue, o que não podemos é ficar ao lado de malditos seres que lutam para que a vida passe sem nada fazerem enquanto resta um pingo de vida.
Na vida não são as coisas que lhe cercam que lhe dão sentido, o sentido da vida está no agora e deixar para depois o velho abraço amigo é querer que a vida termine. Chega de igrejas habituadas por irreflexivos, chega de um mundo de promessas sem que ao máximo se chegue no agora. Antes um grupo de exagerados que buscam sacudir o mundo, do que um pobre de espírito que não consegue sorrir das pequenas coisas proporcionadas pelo corpo.
As drogas possuem efeitos diferenciados em cada ser humano, sendo que apenas os fracos são por elas engolidos, sendo que apenas os fracos carecem de novas escolhas. Interpretar é como afundar-se na própria ignorância, o melhor é compreender para estar sempre além do bem e do mal, os quais existem como valores demasiadamente humanos. A cura não chega para quem nunca sentiu prazer, o prazer não termina para quem nunca ficou doente de esperança ou ressentimentos.
Escritor Joacir Dal Sotto