O ódio da humanidade

Algumas pessoas passam um dia inteiro com raiva daquilo que possuem dentro de casa, na rua, no trabalho. Ficam tentando encontrar os motivos que levaram ao completo fracasso no qual são os mais simples espectadores do espetáculo chamado vida. Dificilmente buscam compreender tantas coisas que não fazem parte da triste realidade que provocaram.

A cada palavra pronunciada existe ódio e existe fraqueza, tudo como uma espécie de dizer que o mundo é do jeito que foi um dia criado, tudo como uma forma de negar-se em encarar o novo. Fazem de tudo para magoarem quem mais amam e quando são deixadas na lata de lixo imploram pela compaixão nem que seja para a divindade que está em todos os lugares observando sem nada poder fazer que venha para transformar definitivamente toda a realidade do ser humano. O estudo é como meta, a religião é como salvação para todos os pecados e o trabalho é uma chatice necessária.

Os sábios ainda não conseguiram definir se as pessoas medíocres que insistem em ficarem vivas querem o fim da humanidade após cada um se render ao sofrimento ou se apenas querem uma igualdade de oportunidades sem que o resultado seja o riso dos que encontraram o próprio caminho. Nos jornais vemos tantas misérias como em tudo que envolve a massa, o problema é que exageram nas opiniões por tentarem fazer das opiniões uma verdade absoluta que naturalmente será extinta. Falta é reflexão e quanto mais falam muito mais sofrimento geram, quanto mais conseguem aquilo que sonham muito menos tempo possuem para apreciarem o momento interno de cada indivíduo que é fundamental para a compreensão do universo.

A casa é o lar que construímos, a rua é o espelho que levamos, o trabalho é apenas uma parte da vida que precisa ser utilizada por amor. O fracasso ou o sucesso são apenas condições da percepção humana superior e inferior, o espetáculo da vida exige que apenas o espectador se agrade sem levar para si ofensas por tudo ser um sinal de aprendizado. Quando alguém percebe que o novo substitui o velho é o novo que penetra da alma para o corpo, quando a interpretação deixa de ser baseada nas experiências pessoais de que tudo tem que ser da mesma forma que um dia foi é chegada a hora do verdadeiro ser compreensivo dançar ao redor da fogueira.

O ódio e a fraqueza daqueles que nunca tentaram acumular energias para que a travessia fosse alegre diante das surpresas do caminho são misérias ignoradas pelas próprias leis da natureza de que tudo se transforma, de que todos os momentos perdidos e que não causam alegria pelo momento de fato nunca mais serão recuperados como também nunca serão mantidos na totalidade. A fuga não resolve os problemas, a ignorância é querer dormir antes de ter acordado cedo para que o dia fosse diferente ao menos na primeira hora, a intolerância é fugir do combate para ouvir de si mesmo que a guerra é dura e fugir da guerra é respeitar o mestre da paz. Ao final dos cursos não resta uma única lembrança de que os cursos foram de bons momentos e logo surgem novas metas, no centro da religião restam rezas para que a vida termine diante o salvador, ao final do trabalho resta uma falsa ideia de que a “dignidade” vale mais do que fazer da própria loucura um ofício prazeroso.

Enquanto os sábios dançam por onde passam são os ressentidos e esperançosos que se amontoam para perguntarem de onde vem tanto saber, quando as bruxas queimavam na fogueira existia ódio, quando as guerras matam em nome de religião ou da democracia existe ódio para que seja feita a vontade dos ignorantes. Os leitores de jornais são produtores de jornais e quem não gosta dos jornais são uma peça fundamental para que os jornais continuem sendo uma peça de manobra para com todos que queiram deixar a tão medíocre opinião como fonte historica de um povo miserável. É mais fácil ter mil armas do que preparar um belo soldado, o problema é que para sofrer basta não fazer com que seja feita a sua vontade, o problema é que para morrer basta estar vivo e quem deposita no espírito toda a salvação é incapaz de ver que na carne está todo o espírito.

Escritor Joacir Dal Sotto

Joacir Dal Sotto
Enviado por Joacir Dal Sotto em 09/05/2015
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