A luz que tocamos
O caminho da luz e da escuridão sempre dividem o ser humano até que não exista mais separação de povo com solitário. A compreensão que leva alguém ao trono é sempre cercada de mentiras ou talvez de cegueira popular, o que retira alguém do trono é o fim da cegueira ou da mentira pregada pelo mestre que gosta de ser venerado. O segredo de tudo é que luz e escuridão são forças iguais que se desigualam nas profundezas do indivíduo que é capaz de amar.
Não podemos julgar que quem ama precisa estar do lado comum, muito menos que quem ama precisa estar do lado incomum. Naturalmente quem ama está por si mesmo e o peso que representa é o peso que suaviza no ar ou penetra nas profundezas pesadas terra. Uma verdade não tem valor quando retira alguém de seus sonhos ou faz com que a realidade seja de sofrimento.
Na incoerência das grandes guerras vemos apenas absurdos propagados por quem não vai ao campo de batalha, como também na tentativa de “humanizar” o ser humano vemos apenas pregadores da morte com uma cruz na mão. Ficamos irritados com o vento que diz que temos que seguir unidos e que através da moral teremos um fim ligado aos céus, é ilusão crer que a vida carnal não tem valor pelo simples fato de um dia terminar. É fácil falar que o outro é o anticristo, o difícil é compreender que cristo nunca foi um defensor da idolatria e apenas se esqueceu de dizer aos seus cordeiros que não queria ser adorado.
Temos inúmeros temas para refletir que não podemos perder tempo com o ódio ou com a desvalorização daquilo que precisamos apenas sacudir até que caia ao chão. A diversidade confunde e apenas diversificando os nossos dias é que podemos fazer escolhas em cima de escolhas sem que necessariamente sejamos levados pela descrença ou pela meta de chegarmos em algum lugar em nome do aperfeiçoamento. Do pouco que temos é muito que podemos quando fazemos da vontade de potência apenas um toque que nos faz reunir a energia necessária para uma profunda transmutação.
Que sejamos a paz enquanto existe guerra, que sejamos a guerra enquanto existe paz. Que nada nos abale, que nada nos faça andar para trás, que tudo nos impulsione mesmo que os tolos não consigam mais nos tocar. Somos luz para quem não é cego e escuridão para quem espera demais, somos indiferentes para quem ficou cego de tanto seguir.
Escritor Joacir Dal Sotto