Saudades daquele eu
Há tempos em que paramos para auto-refletir
E em meio a isso, alguns choram outros sorrir
Olhando aos céus de uma noite calma
Deitado e admirando em cada estrela uma alma
Viajei para um local longe, quase que inexistindo
Cheguei em meio a um passado onde não me via bem-vindo
Era estranho, parecia que nunca estivesse ali
Mas aos poucos em cada cena, logo pude admitir
Era um alguém que há muito já em mim não pairava
Senti indiferente, ao ver aquela harmonia que aquele demostrava
Pensei várias vezes, se não estava noutro passado
Por que até tinha esquecido a vida vista por este lado
Contagiado pela calma do ambiente
Aos poucos sentei e fui admirando um ser diferente
Só então parei para pensar
Nossa, já faz quanto tempo que não sei o que não é se preocupar
Perguntava constantemente se naquela cena do passado era eu
Parecia que há muito tempo ele já faleceu
Via minhas próprias imagens sendo projetadas
Era um filme de minha vida onde tudo se apaziguava
Saudades daquele eu focado
Saudades dos tempos em que era mais determinado
Não porque deixei tudo de lado
Mas sim porque passei a sempre auto-questionado
Saudades daquele eu que via nos seus sonhos o caminho
Saudades de sentir bem como um pássaro em seu ninho
Não porque abandonei os sonhos
Mas sim por enxergar na sociedade tudo estranho
Saudades daquele eu que não via a hipocrisia
Saudades de não se importar e viver apenas com alegria
Hoje porém, está tudo ao contrário
Aprisionei-me numa prisão como voluntário
Passei a questionar o porque de tudo na vida
Deixei de aceitar o inexplicável e viver sem saída
Hoje já não consigo ver o mundo sem enxergar a obscuridade
Saudades daquele tempo em que via da vida a simplicidade
Simplicidade na beleza natural
Saudades de ver tudo que é ruim mas não se importar com o mal
Saudades daquele eu que sonhava dia pós-dia
Hoje sonho, porém não mesmo com aquela alegria
Hoje me pergunto como pude aquele eu abandonar
Como conseguir o ser que sou hoje me tornar
Saudades em que conseguia ajudar cada um na sua medida
Hoje tendo fazer tudo de uma vez, mas no final deixo minha vida perdida
Saudades em que podia aspirar das dúvidas o conhecimento
Hoje duvido tanto com coisas que chegam a ser perda de tempo
No final das contas, voltando para aquelas cenas do lugar
As imagens desapareceram e o silêncio passou a dominar
Era como se algo estivesse falando comigo
"- E então, continuará perdido?"
Queria falar, mas sons não saiam
Queria mover, mas meus membros não moviam
Então aceitei continuar naquela mesma posição e apenas pensar
Questionei mais uma vez. "Onde é que fui parar?"
Mais então uma única imagem naquele espaço se abriu
Era uma mensagem: "VC ELEVOU A RAZÃO E TORNOU-SE SOMBRIO"
Foi aí que assumi, congelei a emoção
Trancafiei-a na escuridão
Deixei apenas uma sombra dela na mente
E passei a viver com a razão sempre presente
Foi então que parei de sentir saudades
Até porque esta palavra é daquilo que não teremos constantemente
Assumi o erro e vi no ser que me tornei
Percebi o quanto a fé do mundo e da vida deixei
Hoje sei o quão frio pude me ficar
Senti na pele o quanto viver pela razão pode magoar
São coisas da vida
Talvez para uns meras especulações perdidas
Mas para quem sente é como andar sempre com uma ferida
Que diariamente sangra e arde
Mas como dizem nunca para nada neste plano é tarde
Cabe apenas a mim saber o que fazer
Isto vale a todos, determinar o melhor a ser escolher.....