Reflexões de um artista
Nos pequenos detalhes repousa a totalidade da existência e alguns por ignorarem os detalhes acabam tentando interpretar tudo ao redor sem ao menos perceberem que tudo está no coração. Falam tanto em amor e quando sentem ódio por quem está próximo representam o ponto mais elevado da ignorância. Querem a vida e seguem como lentos camelos pelo deserto.
O artista exala tudo o que consegue perceber e naturalmente é autor de sua lenda pessoal, o artista não está para todos e também dos poucos que lhe seguem existe é liberdade no agir. Testam o nível de paciência do artista sem nunca perceberem que a explosão faz parte de seu lado superior que vigora sentimentalmente. Fazem da própria miséria um modelo de que alguns nasceram para sofrer.
Com toda certeza trabalhar com verdades absolutas é tolice, o que não podemos é aceitar uma moral em nome do amanhã, em nome de uma promessa de que estudar para ser alguém na vida é algo digno para seguir eternamente. A vergonha de acordar para o mundo é tão grande nas pessoas comuns que apenas reagem diante aquilo que vai contra as suas crenças. Quando menos percebem estão sem pernas e braços acreditando que se tivessem aqueles membros hoje fariam de forma diferente o que deixaram de fazer quando tinham todos os membros.
A dança que nos acompanha é sempre louca para quem não sabe dançar a nossa dança e quem sabe dançar se desliga da massa para exalar novos valores. O amor não é segurar a vida das pessoas, o amor vem é com a vida e se não aproveitamos ao máximo as pessoas que acreditamos amar tudo passa, tudo faz sofrer com as tragédias que fazem parte da vida. Quando percebem o leão devorou o camelo e a criança guarda ressentimentos, quando percebem o leão não consegue sair das jaulas criadas por um ego que sempre ouviu tudo calado.
Os sonhos e uma doce realidade estão longe de ser parte da pressa exagerada, do acesso livre aos inúmeros veículos que passam informações diante a desinformação da massa, de repente o ídolo engole e é engolido, de repente nada foi aproveitado, de repente resta o artista rindo alegremente em sua caverna. O artista explode é no meio do povo por amar demasiadamente os homens, o artista transformar-se em uma divindade para que novamente possa morrer de compaixão pela constante fuga do ser humano. A miséria faz parte do miserável como também é a riqueza que dá toques confortáveis para que o artista siga em frente para dançar diante o seu próprio ideal que completa-se na jornada.
Que sejamos fortes para questionar e aplicar, que sejamos o agora um meio tempo entre passado e futuro, que sejamos agora os nobres estudantes que se embriagam após compartilharem tantas alegrias. Crenças são ingredientes da moral e aos espíritos superiores muitos estão pelados aguardando pela fruta libertadora. Não adianta chorar para recuperar o passado ou torcer para chegar ao paraíso, o passado e o futuro fazem parte de quem nega o presente.
Escritor Joacir Dal Sotto​