(perfil criado para o site estante Skoob) Meu primeiro verbo conjugado, diferente de outros pré-adolescentes, foi o "ler". Eis a lembrança que tenho de mim. Leio porque penso demais. Leio porque tenho a imaginação fértil e consigo realmente adentrar nas letras e páginas e imaginar seja qual for a cena. Leio porque me vejo em vários personagens e também vejo atitudes em outros que eu não consigo tomar. Tenho heróis literários. Tenho amores literários e tenho aprendizados. Não sei bem o que é solidão, pois sempre tive um livro de cabeceira para me distrair. Enquanto minha luta diária é me manter focada. Faz sentido. Fiz sentido. Faço sentido, toda vez que abro um livro. Também passos semanas sem ler. Sinto então o efeito do termo "perder tempo". De todos os vícios que já tive, a leitura foi a que se manteve. Leio compulsivamente. Perco a hora lendo e já perdi a conta dos dias que trabalhei com sono por causa da noite não dormida. Viajo para longe de ônibus, sofrendo não pela distância, mas pela escolha de qual livros levar. Tenho como limite ler apenas dez livros de uma única vez, pois consigo mais. Porém a leitura me emagrece e me tira energia física. Por outro lado, o "excesso" de leitura já me livrou de danos cerebrais duas vezes. Tive recuperação rápida. A vida é assim, uma balança. Não sou melhor porque leio muito, mas talvez eu seja menos pior do que eu poderia ser caso não gostasse de ler. Não vivo em um mundo esquizofrênico, isolado e distanciado da realidade por causa da leitura. Muito pelo contrário, já teria surtado diante do peso da vida se não corresse para o quarto e decidisse por um capítulo e meia hora de sono. Não forço ninguém ao meu redor a ler, mas quando acho alguém para conversar sobre livros, penso que achei um pote de ouro no final do arco-íris. Quer me agradar!? Me dê livros. Quer me desagradar!? Me atrapalhe durante uma leitura (Leia-se whatzapp, coisinha chata que atrapalha meu horário diário de leitura). Do mais, sou apenas a Sally. A Sally que lê demais.