Memórias Póstumas de uma paixão (V)

Texto V – Noite e dia ... dia e noite.

A noite (depois de várias noites):

Se olhou no espelho... Percebeu que o brilho dos seus olhos estava ali novamente. Sorriu pra si mesma. Foi um sorriso travesso.

Analisou tudo que aconteceu e sussurrou a si mesma:

"Se hoje doe menos, com certeza amanhã pode não doer mais."

Esperou as lágrimas, mas elas não vieram.

Se olhou novamente. Gostou da imagem que ali refletia. Prendeu seus fartos e longos cachos. Ao deitar-se em sua cama sussurrou novamente:

"E para esse não doer mais, batizo de esquecimento".

Antes de dormir, entregou-se a Deus em oração até adormecer. Sua alma já estava há tempos de joelho, por isso hoje doe menos e amanhã não vai doer mais.

O dia (depois de vários dias):

Os cachos fartos e longos, totalmente desalinhados.

O rosto inchado.

O humor atacado ... ... ... sempre até às dez.

Mas ...

Aprecia sua imagem diante do espelho.

E afirma dentro de si:

"consigo ser bela ao acordar e ao dormir".

O canto dos pássaros em contraste com o canto de morte das cigarras.

Uma sinfonia em harmonia para me dar um belo bom-dia.

Os deveres seculares, a profissão e tudo que tem que dar de si.

Executa tudo com maestria, és excelente no que faz.

Ao chegar em casa percebe que o dia passou

e de sobressalto indaga:

Havia em mim alguma dor?

Memórias póstumas de uma paixão ou o aborto de um amor?

ano 2012

Sally Bypholar
Enviado por Sally Bypholar em 30/01/2015
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