Centrar-se em si mesmo
Cumplicidade é um termo interessante. A palavra interessante, por sua vez, é um adjetivo de significado tão indefinido que não sabemos se é bom ou ruim, feito uma flecha disparada a um alvo que não dá importância para as condições de como atingi-lo (vento, pressão atmosférica, etc.)
A cumplicidade é complexa porque é o espaço dado a alguém que não é o ator principal da cena. Logo, não terá uma atuação, será apenas uma voz de fundo a contribuir ou na decisão dos próximos movimentos.
Dessa forma, alguém, tendo o interesse de atravessar a rua (de tomar uma atitude), o alvo seria o outro lado da rua. A pessoa sabe que deve atravessar a rua, mas tem dúvidas quanto à forma.
Cogitar a forma é ainda ter dúvida e incertezas, e não há problema nisso, mesmo sabendo que a única certeza é a necessidade de atravessar.
Como atravessar essa rua? Atravessando? Olhando para os lados? Esperando alguém para atravessar junto? Perguntando a opinião de alguém?
Quando alguém me pergunta o que fazer, atravessar ou não, tenho meus receios de dar opinião e prefiro perguntar: “me conte o que você tem vontade de fazer”.
Existem pessoas que pedem opinião a um cúmplice para ter clareza das condições e outros para dividir a culpa se der errado. Isto me faz lembrar a seguinte frase de Carl Roger “Quando me ausento permito que o outro seja ele próprio”.