O CORPO É CHEIO DE BURACOS
O corpo é cheio de buracos, cortes e espaços por onde entram o mundo, escutados pelo eco. A fantasia é pele, alma e escrita.
O corpo é todo poesia, feito de letra e traços. Desejo e criação da vida e o amor de todo dourado em sua força de encanto e ilusão.
Derramando lugares abertos e fechados.
O corpo é cheio de bifurcações a lugarejos, esconderijos, poros, vazios e desvios por
lacunas subjacentes, veias fechadas, praias devorantes de fronteiras precárias.
O corpo é cheio de rachaduras, coçam os desertos escondidos, por onde os rios de gozos beiram os espaços demarcados dos continentes. Os vasos vazios, dão sinas sonoros, pedaços restos ao ver do ser cego sondando a fronteira do sensível.
O corpo que escuto é imaginação, anagramas, encruzilhadas, ruas, acontecimentos, avenidas e estradas. O corpo revela a biografia da alma, os seus retratos e relentos de suas lembranças.
O corpo que escavo, mora meus fantasmas, impares disparates da separação primeira. Eu sou lembrança viva dos mundos escritos no meu corpo, há sempre coisas que ele não se quer lembrar e voltam como alergia.
De Poeta das Almas
Fernando Henrique Santos Sanches