Os PARAÍSOS PERDIDOS DENTRO DA CIDADE

Todos os dias sobre os nossos sentidos a natureza aparece aos olhos na simplicidade do recanto de um mundo escondido por de trás da matéria bruta da cidade elevada. A cada instante um paisagismo escondido, como um mundo que abre para outros mundos não escutados, escondendo outros lugares não vistos em uma infinidade de passarinhos percorrendo tantos telhados entre as casas abandonadas na imaginação dos detalhes modernos pela escultura de uma cidade desconhecida, em que cada instante se cria alguma coisa peculiar e se percebe o seu atrativo para apreciar minuciosamente a sua aparência.

Os passarinhos voavam antes mesmo que os olhos apreciados contemplassem as suas belezas, por uma raridade imensurável de paisagens tocantes e delicadas que encontrávamos em um mundo que a alma apreciava como se fosse uma parte de si mesma na contemplação sentida na imprevisível forma dos detalhes apreendidos da natureza percebida em um mundo perdido dentro da velha cidade esquecida elevada.

Retornava em devaneios pra contemplar esses lugares perdidos na imaginação dos redutos das aves e de paisagens desconhecidas, bosques encantados invisíveis nascentes de diferentes borboletas, entre formas que surgiam e geravam outras na matéria, sendo que a cidade era o pano de fundo da paisagem esculpida de serras antigas, rios adormecidos, vasta história aplanada sob a estrutura de uma paisagem nova, um mundo concreto revestido, por cima das antigas formas passadas. A natureza ressurgia num resplandecente cinema de paisagens vistas perante a poesia da impressão sensível, porque a visão é uma potencia inacessível.

Eu sei que nunca vou conseguir exprimir com minhas palavras o que seria esta beleza em seus contornos visíveis. Em um caminho muito antes já abandonado pelos olhos humanos sem essa percepção das paisagens escondidas pelo mundo de dentro da cidade. Onde não há observadores contínuos é que a natureza se revela como a arte no detalhe da poesia viva.

A paisagem que se faz escondida dentro de uma cidade não é somente o seu íntimo detalhe e nem ao menos as sobras de sua velha arquitetura em outros mundos antigos, ela é a própria restauração de um mundo que muito antes ali já havia estado.

Há uma raridade de seres sobre a cidade, na verdade não os vemos porque o pensamento se desligou da natureza bucólica. O homem do campo era o artista que nas suas paisagens percebia o mundo com uma simplicidade verossímil. E encontrávamos tantas cidades de natureza em paraísos perdidos amanhecidos no olhar simples do poeta que com elas permanecia em seu reduto de nostalgia.

De Poeta das Almas

Fernando Henrique Santos Sanches

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 20/07/2014
Reeditado em 21/01/2015
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