A Batalha da Santificação
Após ter discorrido consistentemente sobre a obra que Jesus realizou em nosso favor para sermos justificados somente pela graça e mediante a fé nEle, nos capítulos 3 a 5 de Romanos, o apóstolo vai nos revelar a partir do sexto capítulo, que, se por uma lado esta justificação nos trouxe paz, reconciliação com Deus, por outro, ela abriu uma verdadeira e contínua guerra contra o pecado que habita em nossa própria natureza terrena, que apesar de já não reinar como um senhor absoluto sobre a nossa vontade, pois quem reina agora é a graça por meio de Cristo Jesus, todavia, não resta qualquer alternativa para quem foi justificado senão a de ser imitador de Deus como seu filho amado.
Foi para este propósito de nos purificar do pecado que Jesus morreu no nosso lugar, carregando sobre Si mesmo os nossos pecados e culpa, no madeiro.
É aqui, pela negligência desta verdade, que podemos entender a atual apostasia da Igreja, justamente por fazer concessões a tantas formas de pecado, pela incompreensão do fato de que por se estar debaixo da graça de Cristo, e não mais condenado pela Lei, não somos autorizados por Deus a continuar na prática do pecado.
O vencedor ao qual Jesus se refere nos capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, é sobretudo aquele que venceu as suas paixões carnais por trazê-las constantemente crucificadas, por meio da vigilância e oração contínuas e perseverantes, num procedimento inteiramente santo, ou então que esteja aplicado na busca sincera deste objetivo.
Alguém indagará: “mas como viver uma vida de pureza num mundo tão poluído como este chamado mundo pós-moderno no qual temos vivido? Como viver uma vida de fé em verdades absolutas num mundo em que tudo é considerado como verdades ocasionais e relativas?”
Mas é justamente nisto que consiste a profecia bíblica de que este tempo do fim, seria de dias difíceis para se viver a vida cristã conforme ela convém ser vivida, porque são múltiplas e variadas as formas de tentação que guerreiam contra a alma do crente.
Contudo, ele não será aprovado por Deus se não lutar e prevalecer contra toda forma de pecado, quer em pensamentos, atos ou palavras, porque Deus não muda, e a Sua vontade e Palavra também são imutáveis.
As ordenanças bíblicas para que se tenha um coração puro, uma vida casta, um pensamento que se fixe somente em “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Fp 4.8)
Há uma grande armadilha para nos conduzir ao pecado sobretudo nos meios virtuais da Internet, da TV, e em filmes, propagandas comerciais, enfim, em tudo o que nos entra pelos olhos e pelos ouvidos.
Para nossa reflexão podemos considerar e avaliar devidamente o testemunho dos Prs David Wilkerson e John Piper, que declararam publicamente que sequer tinham TV, aparelhos de DVD e coisas do gênero, e o motivo de terem deliberado não assistir mais TV prendeu-se ao fato de terem percebido a armadilha que há na interrupção das programações, concernente a propagandas comerciais que são incentivos à carnalidade e ao consumismo.
E sobre nós soa constantemente a advertência do Senhor quanto ao uso que fazemos dos nossos sentidos que nos colocam em contato com o mundo em que vivemos.
“Mat 6:22 São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso;
Mat 6:23 se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”
Especialmente os que são jovens, devem ter uma particular atenção e cuidado em relação a isto, fugindo sempre das paixões que são mais inerentes à mocidade.
Veja que no uso da Internet há uma possibilidade de uso seletivo das atividades que podem ser ali realizadas, mas no que se refere à TV comercial, o telespectador é um mero agente passivo das coisas que desfilarão diante dos seus olhos e ouvidos, e muitas vezes, não terá a oportunidade de escapar do laço que lhe será lançado através de uma chamada de propaganda que seja um incentivo a se contaminar com aquilo que é impuro, e que pode imprimir em sua mente padrões de pensamentos impuros, que o tornam mais vulnerável à tentação para pecar.
Há situações de escravidão tão extremas, que seria melhor nem ligar a TV, porque há uma contaminação generalizada em quase toda a sua programação, que nos leva a ficar irritados e revoltados com coisas pelas quais deveríamos estar intercedendo, como por exemplo a instigação que é feita pelos repórteres e âncoras de programas que denunciam o crime e a corrupção, e que colocam toda a culpa nos políticos e na polícia; quando bem sabemos que o mal reside no coração de toda pessoa por causa da nossa natureza pecaminosa, e os próprios meios midiáticos cooperam para este aumento da iniquidade, e assim a sociedade atual está completamente desviada dos caminhos de Deus, e então tudo o que acontece é mera consequência desta causa maior do abandono de Deus e dos Seus preceitos.
Então, não é nada fácil ter uma vida consagrada a Deus nestes dias, pois somos chamados a ser sal e luz neste mundo de trevas, sem que nos deixemos contaminar por ele.
Assim, como no dizer do apóstolo, quem quiser ser vaso de honra e idôneo para uso do Senhor, terá que se purificar de todos estes erros que nos afastam da comunhão com Deus (II Tim 2.20-22).
Não basta ter a intenção de vencer o pecado para que se possa servir a Deus de modo frutífero e aprovado, porque é possível estar bem intencionado e continuar sendo vencido pelas paixões que guerreiam contra a alma.
É recorrendo a Jesus e nos esforçando para atuar no Seu Reino que é de justiça, amor, paz, e santidade, que achamos graça e auxílio para vencermos nossas inclinações carnais, pois Ele as mortificará pelo Espírito Santo, que em nós habita, e colocará em nossos lábios uma canção de louvor ao nosso Deus, gratidão e paz nos nossos corações, e disposições santas para servi-Lo.
Ninguém se iluda portanto, que seja possível ser eficazmente usado por Deus, e viver de modo que lhe seja inteiramente agradável, quando se vive ainda na prática do pecado.
E ninguém pense também que achará graça e auxílio para vencer o pecado aguardando que venha um poder inesperado do céu, sem que o busquemos, que nos vacine contra todo tipo de tentação e de inclinação carnal, pois não é assim que funciona a ação da graça de Jesus. Nós devemos caminhar na direção das coisas de Deus nos esforçando em rejeitar e evitar aquelas coisas e comportamentos que são abomináveis para Ele, e então Ele nos dará a graça e a força necessárias para vencê-las. É assim que a nossa fidelidade a Ele é provada.
E se porventura nos encontramos ainda endurecidos e com os nossos olhos vendados, de maneira a não sabermos o que é lícito ou não, o que nos convém ou não, devemos orar para que o Senhor nos revele estes pecados que ainda estão ocultos aos nossos olhos espirituais, e Ele certamente nos levará não somente a enxergá-los como também a ter verdadeiro horror desses pecados, dos quais fugiremos como quem foge de uma serpente venenosa.