Pancada de bancada
A arte vem com o tempo, disse.
Eu repeti.
Pois eu entendo hoje.
Sem apoiar, sem criticar. Apenas entendendo.
Uma nova ideia velha, cheia de salvação para os atrasados e perdidos dentro de labirintos arquitetados por si mesmo. Cheia de uma nova obsessão. Cheia de uma nova paixão. Cheia de um novo reinvento da forma de ver o mundo. Meio abstrato e cheio de artimanhas dentro de infinitas mentes. Não que eu o entenda, mas o vejo pelos meus olhos.
Se pudesse me emprestar seus olhos para que eu pudesse sentir as barbaridades que me ouço dizer.
Não sou artista. Fui e sou uma grande admiradora dos desenhos e textos alheios. Uma reprodutora da forma que vejo esses desenhos, mundos e textos. Devoradora do mundo, e tudo que escrevo é um grande mal estar desse banquete nada saudável das cidades, das bordas para o recheio, como quem guarda o melhor pedaço para o grande final.
Apaixonante são as batatas frita, cebolas à milanesa e principalmente os brigadeiros trufados e tortas de limão.
Andaram dizendo por aí que “não existe amor em SP”. Eu vejo um amor de perdição, e ondas dentro de olhos de ressaca. Dentro das salas, dentro dos quartos, dentro das casas e em lugares misteriosos, ah, eles estão cheios de amor, de música e de gargalhadas – e de chorinhos de liberdade.
Penso em como marcar um lugar com meu jeito sutil de atravessar as ruas e salas. Com a construção de molduras dos mundos que vejo, eles já existem, mas precisam de molduras e carinho. De forma que não lembrem de mim, exatamente, mas que enxerguem a obra porque um dia eu passei por ali.
Sei que as salas onde estou fazendo mais uma página da minha curta jornada, foram salas com lustres de pessoas ilustres. As mesmas cores e o mesmo tudo. Menos, muito menos São Paulo. E sendo São Paulo, Sorocaba ou Inglaterra, é ali que alguém vai reler aquele lugar como eu um dia o fiz, ao entrar, olhar ao redor e me encontrar... E me encantar...
Disseram numa dessas relações que alguém diz o que alguém diz que alguém diz: “Existe uma frase que diz assim: disseram que era impossível até que alguém foi lá e fez”.
E, com licença, eu vou fazer.
Eu já tinha ouvido essa frase sendo dita pra mim naquele mesmo dia.