Destino

O trem promissor acaba de passar repleto de pessoas que transbordam esperança , ideais. Ele passou como de costume por essas longas décadas, em dias de fortes chuvas ou sol aberto num lindo céu azulado. Sempre esteve lotado rumo aos lugares mais diversos. Observava do ponto onde estava, olhares que refletiam o cessar das tormentas, das tristezas profundas, dos medos existentes em cada passo confuso e inseguro. Observava inquieto, uma coragem avassaladora vinda daquela enorme máquina de sonhos. E eu, um pobre ser sem vontades, permanecia estagnado e, covardemente: cedia sem lutar ao menos, a essas estranhas forças que me guiavam. Não havia em mim o ímpeto característico dos vencedores! Não havia sonhos pra se realizar, metas a atingir, nem desejo por mudanças. Não havia um ponto de chegada nessa ardilosa estrada. Somente olhava por todos os dias o fluxo constante das pessoas em passos precisos e apressados, ao encontro de suas expectativas em reais acontecimentos. Às suas expectativas em se poder vivenciar a alegria de fato, sem palavras incisivas em contextos decorados e irrelevantes.

Não aguentava mais essa tormenta, e segui correndo ao ponto de embarque. Queria também me alimentar dessas sensações raras que preenchia cada centímetro dos largos vagões. E quando o trem foi parando bem à minha frente, todos à minha volta foram subindo sem perca de tempo. Eu hesitei um pouco, mas, dei alguns passos em sua direção, quando comecei a sentir fortes calafrios e dores de cabeça intensas. Algo dentro de mim não quis que prosseguisse e: fui olhando o fechar das portas bem lentamente com os olhos marejados, e o vi indo embora mais uma vez pra um lugar que jamais conhecerei.

Alexsandro Menegueli Ferreira- 08 de Outubro de 2013