DESPEDIDA
Só quem ama é quem fica
Quem parte não tem amor
E a paixão sacrifica
O coração sofredor.
A dor do adeus é latente
Pode até ser controlada
Mas permanece na gente
Oculta, doendo, incubada.
E como uma folha seca
Que o vento não dá destino
Deixa o pensamento tonto
Sem norte, qual clandestino
Vagando e indagando
Sem rumo, sem oriente
Vai o pensamento amante
Atônito, inconsciente
Seguindo o imaginário
De quem se foi de repente.
E no peito de quem fica
Só a imensa saudade
Um vácuo, um oco, um vazio
Baixando a imunidade.
E na partilha do amor
Quem parte tem opção
Quem fica só herda a dor
A fossa, a solidão.