Madrugadas solitárias

Mais uma vez eu me encontro aqui. Sozinho.

Ouvindo meus ídolos depressivos, os quais já devem ter passado o que passo.

Todas as noites eu me deparo com uma tristeza inexplicável, as lágrimas só escorrem de mim. É o meu último recurso, já que abraços são escassos e o sofrer é constante.

Essa solidão, ah essa solidão tem me acompanhado em meio a essa multidão.

Nem mesmo minha auto-psicanálise tem adiantado, estou no divã mas não há nada a fazer, só a tempestade que acontece a todo momento em meio ego.

Queria rir sem fingir, ser feliz de verdade, me sentir amado por quem amo. Mas é só ilusão, estar apaixonado é um mero sofrer. Gostar já se tornou sinônimo de chorar. Chorar já cotidiano. E o meu cotidiano é a minha angustia.

A cada dia que passa, eu tento mudar as coisas, mas tudo parece que vai ficar inerte, toda essa melancolia que percorre em minha mente sem cessar.

Preciso dos meus velhos amigos, minha família mas todos estão longe. E tudo que parece é que vou seguir assim, uma solidão infinita.

Um “oi” aleatório me faz bem, não recebo abraços, raros apertos de mãos, eles nem mesmo sabem meu nome, sou apenas mais um... aqui não faço diferença. Minha presença é nula, de nada vale.

Tento dormir todo horário vago, tento fugir de mim mesmo, mas é impossível. Essa convivência comigo mesmo me atordoa, me deixa zonzo e me faz pensar qual é o real e verdadeiro motivo de viver? Se já sei que vou sofrer, que ser só é meu destino...

Talvez uma ligação inesperada, uma palavra amiga me deixaria melhor, mas todos estão tão ocupados em suas vidas medíocres e fico em outro plano, no último.

Será eu egoísta demais? Será que não mereço um pouco de carinho? Eu me contento com tão pouco... um gesto, um sorriso, uma canção, uma declaração... Tudo isso me faria tão bem, mas todos estão ocupados ou não querem se expor pra mim, não confiam em mim.

E nessa história de um ser tão só, estou aqui, de novo, lamentando pra mim mesmo tudo que não muda, tudo que me faz tão mal, esse silêncio barulhento, essa luz acesa que me dá cegueira, essa madrugada tão solitária, as músicas que canto sozinho à espera de uma voz feminina a me acompanhar. Mas sempre estarei aqui, só. Sendo o culpado de toda e qualquer história.

História essa que, pra mim, sou a maior vítima. Você pode até ficar com ódio, raiva, nojo, repúdio de mim. E quanto a mim? O que eu levo de você? Além de lembranças e de ser ignorado? Sim, minha bela e mórbida companheira: a solidão.

Domingos de Morais
Enviado por Domingos de Morais em 02/11/2013
Código do texto: T4552724
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