Abismos
Por todas as direções que os meus olhos apontam, é somente desespero o que enxergam. Os meus limitados e dolorosos pensamentos por águas incertas nesse instante navegam. A cada dia que o Sol se põe perto das montanhas, é mais um dia triste que se vai, deixando a noite desoladora chegar. Quão cruéis são essas longas noites, em que a solidão se instala sem nenhuma cerimônia em minhas desestruturadas dependências, expondo de forma covarde as minhas carências... Há barcos, simplórios barquinhos ancorados numa pequena praia quase esquecida por todos, não fossem eu e as famintas gaivotas. Trazidas pelas ondas, dezenas de peixes sucumbidos ao triste acaso, nas areias mortas! É um mundo real esse que descrevo, pois é o meu palpável recanto. O vazio é latente e devastador nessas longas e declinadas ruas por onde transito. Sequer consigo observar uma simples mariposa, ou qualquer outro inseto pelos ares ou pelo chão. Fiz tantas e tantas escolhas, tracei tantos e tantos metros por rotas diversas!
Moldei quase sem querer essa imensidão de incertezas, e de lamentáveis certezas! Hoje, estou aqui, nessa deplorável situação, depredado por dentro, longe das amizades verdadeiras, a anos-luz das inesquecíveis tardes costumeiras! Estou aqui, e não há mais volta. Não há meios conhecidos pra burlar o carrasco tempo. Vivo agora por esses confins, aparentemente solitário, mas imerso a mundos completamente visíveis a qualquer instante... E esses incontáveis mundos, só são capazes de me
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Alexsandro Menegueli Ferreira- 01 de Setembro de 2013