Príncipe do vazio
E enquanto todos se ajoelham perante minha passagem, eu aos poucos me aproximo de meu trono de ouro. Provei a todos que minha força vai além do que muitos pensam. Seria uma doce vitória eu me esbanjar em meu trono, com todos meus troféus. Seria doce sentir esse prazer. Mas enquanto eu passo, e enquanto vários se ajoelham percebo que aquele trono não passa de algo vazio. Algo vazio para o Príncipe do Vazio.
Nessa curta caminhada, percebo que nós seres humanos somos ridículos. Muitos de nós buscamos coisas e mais coisas, afim de alcançar a felicidade, mas olhe bem pra mim agora. Não existe reino que eu não tenha conquistado, não existe castelo que não tenha meu nome. Olhe bem pra mim. Tudo o que sempre quis, batalhei, e com força e furor, conquistei. Conquistei tudo que eu sempre sonhei. Pena que eu esqueci de sonhar com as pessoas. Pena que elas não sonharam comigo.
Andando em um tapete vermelho e envolto de tantos paparicos, percebo que ninguém ali foi conquistado por mim. E enquanto eu perdi meu tempo em busca de um trono, aqueles que me ajudariam a preencher o meu coração aos poucos foram morrendo. Aos poucos foram fugindo. Sempre desejei um trono, mas sempre pensei que isso ia além de um objeto qualquer. Pensava que ele me completava, que ele me dava poder. Era dele que eu queria admiração... mas dele nada disso terei. Era tolo por acreditar nisso antes, e sou tolo de hoje tê-lo em meu poder.
Quando dei por mim, no trono eu já me sentava. Olhei ao meu redor e pior que se sentir sozinho é me ver rodeado por tanta luxuria seguido de tantos sorrisos falsos. Aos poucos, minha coroa se aproximava. Aos poucos eu senti que minha alma ia se afastando de mim. E quando a coroa foi posta, nada mais fazia sentido. Sonho nenhum me rodeava. Ninguém gostaria de fazer parte disso com o coração. Agora todos ao meu redor, giravam em torno do interesse. Está completo. Não tem mais volta. A frieza assume seu posto.
Ajoelhem-se, pois eu sou o Príncipe do Vazio.