Fuga

Fuga

Pretexto é coisa fácil de arranjar. Corpo mole, dor de cabeça, tudo em nome da fuga...

Aprendemos desde cedo este estratagema e desconfio que já na nossa casa intra-uterina confabulamos desculpas cáusticas e requisitos ,obrigando a “Nave-mãe” nosso universo efêmero, a prestar atenção aos nossos quereres, sob pena de enviarmos, através das nossas inúmeras conexões, sensações desajustadas de enjôos, desejos, fadigas, gulodices, inapetências.... Tudo quanto nos é possível encaminhar para sermos notados, seja pelo incômodo ou fragilidade, ardilosamente engendramos nossas “fugas” tantas fugas.

O nosso querer ou o não querer, as neuroses e obsessões que levamos anos construindo, são subterfúgios para o submundo da fuga e fugir para lugar onde não se conhece é um dos nossos tantos paradoxos. Escapulir para encontrar segurança no desconhecido. Louco devaneio este plano de fuga. Sem destino ou paradeiro, sem plano, só a fuga... Fugaz, voraz, mordaz... Satírica análise esta que fazemos a portas fechadas, pois enxergar desalinhos é assumir a culpa. É admitir o desejo constante de fugir.

Valéria Escobar