Estrada do Amanhã
O antiquíssimo mundo gira em velocidade alucinante, e tudo torna-se tão imperceptível aos nossos arredores. Mas, não percebemos as mudanças, devido a olhos perdidos, que são incapazes de avistar tais acontecimentos. Afinal de contas, onde estou nesse exato momento? Certamente em uma Terra fria e monótona, isenta de cores vivas, e desprovida de alegria
e esperança.
Sepulto-me aos poucos. O inesperado acontece, pois gradativamente vou avistando certas alterações em minha longa caminhada. Bem lá no alto, as alvas nuvens formam figuras mórbidas que me seguem por todos os cantos em que transito. Esqueço-me de viver a todo instante, abdicando veemente das possíveis maneiras de esbarrar com a distante e almejada felicidade. Enfio-me em um longo túnel completamente escuro, cujo fim não se é capaz de vislumbrar. Ando a velocidades alternadas, e sozinho, vou traçando a rota previsível do meu odioso destino.
Sou invariavelmente, um amontoado de insignificâncias, de percepções, de ideias concretas e bastante analisadas. Ser que viaja a todo vapor a galáxias longínquas, mas, que não consegue avançar um metro de onde permanece nesse instante.
Os dias morrem tão precocemente, e as noites gélidas, sentem-se poderosas ao fazer com que tremam, corpos fadigados e absolutamente desprotegidos. Tudo flui de forma natural nesse complexo planeta. Tudo é tão previsível e enlouquecedor. As pessoas passam sempre em seus horários repetitivos, com as suas amedrontadas faces moldadas pelo tenebroso sistema.
Entre centenas e centenas de prisioneiros sem rumo, sem perspectiva... Caminho decidido, de nariz em riste, mas totalmente desesperançoso. Mesmo ciente de tudo isso que se move ao meu redor. Os meus olhos estão bem abertos, e assim, vou tateando as paredes dessa lastimável prisão. Sinto claramente, que trilho retas conturbadas, e curvas bastante sinuosas por todos esses anos cruéis.
Avisto todos os dias, milhares de pessoas indo em direção oposta a minha, mas mesmo assim sigo forte e convicto. Confesso, não vou negar em nenhum momento, que às vezes me dá uma vontade incontrolável de lançar as rédeas ao chão, e me entregar de corpo e alma a esse temível e ordinário monstro, que molda toda essa vida. Às vezes, ao me levantar bem cedo, o desânimo torna-se latente e irredutível em minhas entranhas. E de repente, ao olhar pela janela com o semblante desfigurado, vejo-me imerso a um oceano conturbado e aparentemente infinito. E passa-me à mente, a necessidade de me juntar a todos aqueles que navegam em seus diminutos barcos em plena escuridão. A todos aqueles que acreditam piamente em um belo e pomposo recanto, cercado por querubins e alegria plena. Mas esses pensamentos logo se desfazem, e percebo que ainda vivo. Que as tempestades mais violentas, não foram capazes de destruir o meu acalentador casebre. Sigo firme atrás das respostas, não me aquieto perante os fatos. Sou ser pensante, e ainda possuo as rédeas de minha simplória carruagem. Assim sendo: eu dito as regras de minha conduta, e percorro firme sobre a estrada do amanhã...
Alexsandro Menegueli Ferreira 19 de Julho de 2013