Personalidade

Algo tão próprio, específico e particular. Cheio de detalhes contidos, escondidos, afirmados, enraizados, aprendidos e... imitados? Alguns a usam com propriedade e a tornam um ponto marcante de sua essência. Já outros, não sabem identificar em si sua própria personalidade e imitam os outros, mudam de comportamento conforme trocam de namorado ou conforme fazem novas amizades.

Por que isso acontece? Seria por medo de demonstrar quem são de verdade? Por insegurança? Para evitar críticas, rejeição? Será que é mesmo tão mais fácil agir como um camaleão e se vestir do outro? Se autoanular? Se deixar de lado? Não entendo isso, sinceramente. Acho muito difícil imaginar uma situação dessas, pois tenho horror a submissão. Uma vida assim, pra mim não vale a pena. Que graça tem viver se você copia o outro, recebe ordens, espera decisões, concorda com tudo. Dessa forma, nem é possível estabelecer um diálogo, vira monólogo, onde um sempre estará no palco e o outro na plateia. Isso não é relacionamento. Se relacionar é trocar, não absorver tudo calado.

Que vida monótona essa, não? Fico pensando se o casal está mesmo satisfeito? Mesmo que um seja extremamente autoritário e, o outro em demasia submisso, em algum momento, isso deve cansar. O autoritário, deve sentir falta do confronto, do questionamento, que o submisso não faz. Mas, e o submisso? Sente falta de quê? De liberdade de expressão? Será mesmo, que ele não tem forças para se revelar? Não acredito, que não haja uma fagulha que seja de raiva dentro do submisso. Todos nós temos os dois lados, só que alguns revelam, outros não. Então, o que falta para que isso aconteça? Por que ser tão contido?

Penso que talvez seja cômodo para quem não se expressa, deixar que todos tomem decisões por ele. É mais fácil agir assim. Mas, soa tão falso para mim. Principalmente, quando convivo com pessoas assim, que eu vejo fazendo isso, descaradamente. Trocou de namorado, nunca foi religiosa antes, o novo namorado é, pronto virou a nova beata, todos sabem que aquilo não é real, menos o novo namorado. Fico com pena dele, coitado, pois sei que é hipocrisia e, que tão logo quando acabar o namoro, outro comportamento surgirá.

Nada tenho a ver com isso, pois tenho personalidade até demais, mas, fico triste por esses seres perdidos no espaço, sei que eles não tem a menor ideia de quem são, do que estão fazendo aqui e muito menos para onde vão. Penso que estão perdendo a oportunidade de descobrir a própria essência e desfrutar da beleza interna que cada um de nós possui e, principalmente, de explorar as particularidades que apenas o ser humano tem. Isso, realmente, me entristece. Queria dar um chacoalhão nessas pessoas.

Tanta gente querendo viver, trocando tudo por um último suspiro de vida e, outros por aí, se vestindo de camaleão.

Rafaela Andrade
Enviado por Rafaela Andrade em 19/07/2013
Reeditado em 19/07/2013
Código do texto: T4394058
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